O presidente francês encontrou-se com o primeiro-ministro húngaro, conhecido pelas suas posições nacionalistas, para tentar encontrar pontos de entendimento, antes da presidência francesa da União Europeia.
Quando o assunto é política, o que podem ter em comum um presidente francês europeísta e um primeiro-ministro húngaro nacionalista? Apesar do que os separa, Emmanuel Macron e Viktor Orbán, encontraram-se, esta segunda-feira, em Budapeste.
A última vez que um chefe de Estado francês visitou a Hungria estávamos em 2007. Agora, lado a lado, os dois quiseram deixar claro que as alianças são possíveis.
"Gostaria de deixar claro que a relação da Hungria com o Presidente Macron é uma relação de respeito. E como França é a casa dos enciclopedistas, e as suas definições são as melhores, tendemos a aceitar as suas definições. Também aceitamos o que o Presidente disse da última vez: somos opositores políticos e parceiros europeus", afirmou o primeiro-ministro húngaro.
São várias as questões que, nos últimos tempos, têm afastado a Hungria do projeto europeu. Em junho, foi promulgada no país uma lei que proíbe a "promoção" da homossexualidade. Mas o presidente francês admitiu outras "discordâncias" em relação a Orbán, em temas como "o Estado de direito, o respeito pelas minorias, a luta contra a discriminação e a corrupção".
Tal como na Polónia, também o governo húngaro defende a primazia do direito nacional sobre as leis de Bruxelas.
No entanto, os políticos admitem pontos de entendimento quanto à energia nuclear, a defesa comum e a política agrícola. Macron foi mais longe e manifestou vontade de chegar a acordo sobre a migração.
"Houve tensões entre nós, no passado, mas o que a Europa viveu nas últimas semanas - e estou também a trocar pontos de vista com o meu homólogo polaco a este respeito - leva-nos a repensar a nossa organização comum, de forma a melhor prevenir os fluxos migratórios, a proteger as nossas fronteiras externas e a encontrar formas de cooperação mais eficazes na Europa", disse o chefe de Estado francês.
Ainda sem garantias, ambos têm trunfos a retirar deste encontro, numa altura em que, tanto um, como outro, enfrentam eleições no próximo ano.
O atual momento é perfeito para Viktor Orbán, que pode mostrar à oposição e ao seu campo político que, ao contrário do que o que a oposição afirma, não está isolado no palco europeu.
Já Emmanuel Macron pode manter conversações não só com o primeiro-ministro húngaro, mas também com os líderes do Grupo de Visegrado, antes do início da presidência francesa da União Europeia.