Manifestações na Polónia pela liberdade dos media

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De  Maria Barradas com AP
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Milhares de polacos manifestaram-se nas ruas de uma centena de cidades da Polónia contra a nova lei que dizem querer limitar a liberdade dos media

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Na Polónia, este domingo foi dia de protestos nas ruas de uma centena de cidades. Em Varsóvia, milhares de manifestantes reuniram-se junto do palácio presidencial, pedindo ao presidente para vetar a lei dos media, aprovada inesperadamente no parlamento na sexta-feira, que afirmam ter como objetivo limitar a liberdade dos meios de comunicação social no país.

O líder da oposição e antigo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, liderou os apelos para que os polacos se unam: "Quando estivermos juntos, quando estivermos solidários, venceremos, varreremos esta má autoridade, não haverá vestígios deles", afirmou.

Os opositores acreditam que o governo populista de direita da Polónia está determinado a consolidar o seu controlo político sobre os tribunais e a silenciar os meios de comunicação social críticos.

Lukasz Wlodarski, uma manifestante, é perentório: "Na minha opinião, a tentativa de amordaçar a TVN, porque é principalmente disso que se trata, é a próxima etapa na construção de um Estado autoritário. Estão a fazer isto para facilitar a vitória nas eleições, para amordaçar as estações de televisão que denunciam o que fazem".

A lei, trazida de novo, inesperadamente, ao parlamento na passada sexta-feira, endurece as regras em torno da propriedade estrangeira dos meios de comunicação social, afetando especificamente a TVN, um canal propriedade do grupo norte-americano Discovery.

A câmara baixa do parlamento tinha votado a seu favor no verão, mas foi vetada pelo senado. Sem qualquer aviso prévio, o parlamento trouxe subitamente o projeto de lei de volta e a câmara dos representantes vetou o veto do senado.

O destino do projeto de lei está agora nas mãos do presidente Andrzej Duda.

Os líderes governamentais defenderam a legislação argumentando que é importante para a segurança nacional garantir que nenhuma empresa fora da Europa possa controlar empresas que ajudam a formar a opinião pública.

Entre os manifestantes encontravam-se polacos mais velhos que resistiram há décadas ao regime comunista do país e que temem que a democracia que ajudaram a instaurar se esteja agora a perder. Muitos polacos acreditam que o governo populista de direita da Polónia está a afastar o país do Ocidente e a adotar um modelo autoritário mais próximo do da Turquia ou da Rússia, com tentativas de exercer controlo político sobre os tribunais e de silenciar os meios de comunicação críticos.

A TVN opera um canal de noticiários TVN24 e o seu canal principal, TVN, tem um programa noticioso nocturno visto por milhões de pessoas que oferece reportagens críticas do governo. Os críticos acreditam que o governo de direita da Polónia está apenas a mover-se para silenciar um canal que procura levar o poder a prestar contas.

Os Estados Unidos, um aliado próximo de Varsóvia, tinham exortado os legisladores a não aprovarem a lei.

A TVN lançou uma petição online, no domingo, apelando a Duda para vetar a lei, que durante a noite noite foi assinada por 2 milhões de pessoas no país de 38 milhões.

"O ataque à liberdade de imprensa tem consequências de grande alcance para o futuro da Polónia", lê-se no apelo. "As relações mútuas com os EUA, o maior aliado e garantidor da segurança do nosso país, estão a ser destruídas. Não podemos permitir isso"!

O Discovery também prometeu, numa declaração, "lutar incansavelmente pelos nossos negócios".

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