Misteriosa exceção médica de Novak Djokovic na Austrália sob ameaça de expulsão

Novak Djokovic mantém a "máscara" perante a controvérsia
Novak Djokovic mantém a "máscara" perante a controvérsia Direitos de autor Photo/Michael Probst
De  Francisco Marques
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Perante a crise sanitária da Covid-19, há australianos envergonhados com a autorização excecional concedida ao tenista sérvio para poder competir no Open da Austrália

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A exceção médica concedida a Novak Djokovic para competir no Open da Austrália está a motivar uma revolta e até o primeiro-ministro ameaça o tenista de expulsão do país caso não justifique a isenção concedida.

Para uma pessoa poder entrar na ilha australiana no atual contexto de pandemia tem de estar pelo menos vacinada ou então cumprir uma de cinco exigências do ATAGI, sigla para o Grupo Técnico de Consultoria para a Imunização na Austrália, incluindo comorbidades incompatíveis com as vacinas anticovid, ter estado infetado depois de 1 de agosto de 2021 ou consequências graves após vacinação.

"A minha opinião é que qualquer indivíduo que pretenda entrar na Austrália deve respeitar os nossos requerimentos fronteiriços. Agora, quando Novak Djokovic chegar à austrália, e não estou certo quando será, mas será em breve, ele tem de [respeitar] porque, se não for vacinado, está obrigado a apresentar provas aceitáveis de que não pode ser vacinado por razões médicas e poder aceder aos mesmos trâmites de viagem como quem é totalmente vacinado", explicou Scott Morrison.

Se as provas forem insuficientes, ele não será tratado de forma diferente e será colocado no avião seguinte de volta a casa. Não pode haver regras especiais para Novak Djokovic.
Scott Morrison
Primeiro-ministro da Austrália

O chefe do governo australiano lembrou, no entanto, que este "não é caso único". "Houve vários nos últimos anos em que as pessoas receberam estas isenções e apresentaram provas adequadas a justificar o requerimento", lembrou Scott Morrison, antes de voltar a focar-se em "Djoko" e na questão de o tenista sérvio ter "as provas suficientes para suportar essa isenção".

As palavras do primeiro-ministro sucederam-se a um comunicado da ministra dos Assuntos Internos. Sem referir uma única vez o nome do atual número #1 do ténis mundial, Karen Andrews afirmou que "qualquer indivíduo que pretenda entrar na Austrália deve cumprir os rígidos requisitos de fronteira" em vigor no país.

Eis um excerto do comunicado de Karen Andrews:


Desde 15 de dezembro de 2021, os portadores de visto elegíveis totalmente vacinados podem viajar para a Austrália sem a necessidade de solicitar uma isenção de viagem e entrar em estados e territórios elegíveis sem quarentena.

Se um indivíduo que chega não for vacinado, ele deve fornecer provas aceitáveis de que não pode ser vacinado por razões médicas para ter acesso ao mesmo plano de viagem que os viajantes totalmente vacinados.

A Força de Fronteira Australiana continuará a garantir que aqueles que chegam em nossa fronteira cumpram nossos rígidos requisitos de fronteira.

Nenhum indivíduo competindo no Aberto da Austrália terá tratamento especial. Os requisitos de quarentena para chegadas internacionais em Victoria, inclusive para indivíduos não vacinados, são assunto do governo de Victoria.
Fonte: Ministério do Interior da Austrália

"Djocovid" é antivacinas

O tenista assumiu ser antivacinas em abril de 2020, quando a pandemia estava ainda no início, mas já a cancelar diversos eventos desportivos por todo o mundo, revelando na altura alguma abertura perante uma eventual obrigatoriedade de ser vacinado.

Daí para cá, o tenista tem escondido a sua situação de imunização. Esteve infetato com Covid-19 em julho de 2020, após ter organizado um torneio de ténis na Sérvia que se tornou num surto de casos, e foi visto pouco depois numa praia de Marbella, em Espanha, sem máscara nem qualquer outra preocupação anticovid, o que lhe custou a alcunha depreciativa de "Djocovid".

Com a aproximação do primeiro "grand slam" da nova temporada e sabendo das apertadas restrições de entrada no país a não vacinados, Djokovic começou por cancelar a presença no torneio preparatório do Open da Austrália, a ATP Cup, em Sydney, reforçando a teoria de que não estaria vacinado.

Agora, foi o próprio tenista a revelar estar "a caminho" da Austrália com "uma permissão de isenção", o que motivou a revolta de muitos australianos.

"É uma vergonha. Todos nós fizemos o correto, todos nós tomámos as vacinas e o reforço das vacinas, e agora temos alguém que vem de fora, que de repente recebe um exceção médica e é autorizado a jogar. É absolutamente vergonhoso. Não vou vê-lo", afirmou Christine Wharton.

Outro residente em Melbourne, Ron Wilson diz desconhecer "como se pode conseguir uma exceção médica quando se está assim tão em forma, se é tenista e o número um do mundo."

A conterrânea Carolyn Gibson discorda "do facto de haver uma regra para uns e outra para outros". "Ele não devia ter sido autorizado a vir. É a escolha dele não ser vacinado, e isso é correto, mas penso que aqui o governo fez uma escolha. Ele deve ser vacinado", sublinhou.

Para Morteza Yari, no entanto, "desde que a exceção seja válida e exista uma razão válida, não há qualquer problema", numa opinião que se enquadra na do primeiro-ministro da Austrália.

O diretor do Open da Austrália, Crag Tiley, apelou a Djokovic para pôr um ponto final na polémica e explicar porque recebeu a isenção.

No plano desportivo, Novak Djokovic, de 34 anos, chega ao Open da Austrália como número #1 do ranking ATP e com a possibilidade de assumir de forma isolada o recorde de triunfos em torneios do "grand slam", se conquistar o 21.° título no circuito, e de aumentar o domínio australiano se somar o 10.° triunfo em Melbourne.

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