Protestos no Mali contra a junta militar

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De  Maria Barradas com AFP
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Centenas e pessoas protestaram em Bamako, no Mali, contra a pretensão da junta militar de prolongar o período de transição do poder por cinco anos

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No dia em que a Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO) se reúne para analisar a proposta de prolongamento no poder da junta militar do Mali, centenas de malianos protestaram junto ao Monumento dos Mártires, em Bamako, contra a junta.

Cheick Oumar Diallo, presidente da associação para uma boa governação do Mali, "Nouvel Horizon", afirma: "Estimamos que não há melhor lugar para recordar a todos os malianos a importância da democracia do que o Monumento dos Mártires, onde nos encontramos hoje. Não é concebível que um regime de exceção se eternize. Cabe às nossas autoridades mostrar responsabilidade para não puxar demasiado a corda e provocar uma rutura no diálogo com a Comunidade dos Estados da África Ocidental".

Não é concebível que um regime de exceção se eternize
Cheick Oumar Diallo
presidente da associação Nouvel Horizon

Cidadãos, organizações da sociedade civil, políticos, exigem a transição para um governo civil rápida e curta, como refere o político, Sékou Niamé Bathily: "Estamos a favor de uma transição bem-sucedida. Sim, somos a favor de uma transição curta. Somos a favor de uma transição que evite sanções internacionais para o Mali. Uma transição que pode durar até seis anos, não é uma transição, mas um mandato presidencial".

A junta militar, que não preparou as eleições previstas para fevereiro, pediu mais cinco anos para a transição, o que não foi aceite pelos líderes africanos. Na reunião deste domingo em Acra há uma outra proposta em análise.

O chefe da junta, coronel Assimi Goita, enviou dois ministros no sábado à cimeira da CEDEAO e, numa tentativa de "manter o diálogo e a boa cooperação", os enviados apresentaram "uma nova proposta" de calendário ao atual presidente da organização, a chefe de estado ganesa, Nana Akufo-Addo.

A junta tinha inicialmente pedido até cinco anos, um prazo que era inaceitável para a CEDEAO e que parecia susceptível de levar a novas sanções. As autoridades de "transição" dizem não ser capazes de cumprir este prazo. Citam a persistente insegurança no país, que é flagelado por todo o tipo de violência, jihadista, comunal, criminosa... E a necessidade de reformas, tais como a da constituição, para que as eleições não sofram de disputas como as anteriores.

Desde o primeiro putsch em agosto de 2020, reforçado pelo de maio de 2021 que entronizou o Coronel Assimi Goïta como presidente da "transição", a CEDEAO tem vindo a pressionar para o regresso dos civis o mais rapidamente possível.

Esta é a oitava vez que os líderes da África Ocidental se reúnem, pessoalmente ou por videoconferência, para discutir especificamente o Mali desde Agosto de 2020, sem contar com as cimeiras regulares.

Excecionalmente, a reunião deste domingo será imediatamente precedida na capital ganesa por outra cimeira extraordinária, a dos líderes da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA). Todos os oito países da UEMOAO são membros da CEDEAO. Esta reunião é vista como um prenúncio de uma possível ação concertada e possivelmente de sanções económicas.

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