Forças russas da CSTO iniciam retirada do Cazaquistão após estabilização da revolta

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De  Francisco Marques
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Forças de Paz da aliança "soviética" liderada pela Rússia foram mobilizadas pela primeira vez para ajudar o governo cazaque a reprimir os protestos violentos contra o regime

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O contigente militar russo afeto à Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) começou a retirada do Cazaquistão após a alegada estabilização da revolta popular contra o governo liderado pelo Presidente Qasym-Jomart Toqayev.

O que é a CSTO?

A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla anglófona) é uma aliança de seis antigas repúblicas soviéticas (Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajisquistão) fundada em fevereiro de 1992 como Forças Armadas Unidas e rebatizada escassos meses depois para Tratado de Segurança Coletiva e tornada, finalmente, CSTO em 2002.

O Usbequistão fez parte dos fundadores e em 1993 juntaram-se também o Azerbaijão e a Geórgia, mas este trio abdicou da aliança em 1999.

A aliança é similar à NATO, tem uma base militar e de cooperação entre os estados. A sede está localizada em Moscovo, na Rússia, e anualmente são realizados exercícios envolvendo militares dos aliados.

A atual intervenção no Cazaquistão é a primeira operação num cenário de conflito real para as chamadas Forças de Paz da CSTO.

Site oficial da CSTO

As forças CSTO foram mobilizadas para auxiliar o governo cazaque a reprimir a revolta em curso há pouco mais de uma semana e meia nesta antiga república soviética, liderada pela mesma força política desde a independência há 30 anos.

O general russo que lidera a missão da CSTO no Cazaquistão, Andrey Serdyukov, agradeceu pessoalmente aos militares o trabalho efetuado.

"Num curto período de tempo vocês conseguiram garantir segurança aos cidadãos, dar assistência para a estabilização da situação e assegurar o funcionamento tranquilo de locais vitais", sublinhou o líder da primeira missão em cenário real das chamadas Forças de Paz da CSTO.

A revolta e a consequente repressão pelas autoridades provocou mais de 160 mortos, incluindo pelo menos 18 elementos das forças da segurança.

Um dos militares cazaques que perderam a vida nos confrontos com os manifestantes mais violentos foi o coronel Sandybek Khairov. O funeral decorreu esta quinta-feira, na presença de soldados e da família do militar.

Regresso à normalidade

Em Almaty, entretanto, a cidade que se tornou epicentro da revolta, a situação começa aos poucos a voltar ao normal. Os transportes públicos e a maior parte das lojas e restaurantes estão de novo em atividade.

O Presidente manifestou, pelas redes sociais (tweet ao lado), o agradecimento aos cidadãos que manifestaram "patriotismo e unidade na luta contra os extremistas".

"Agora, o país está a entrar numa nova fase de desenvolvimento. Este será um período de verdadeira renovação. Vamos construir um Cazaquistão feliz e próspero juntos", expressou Qasym-Jomart Toqayev.

A revolta começou a 2 de janeiro no leste do país como um protesto contra os aumentos do preço do gás. O atrito subiu de tom e alastrou pelo Cazaquistão, com vários incidentes violentos em edifícios públicos, incluindo esquadras da polícia, agravando a revolta contra o regime no poder desde 1991 através, primeiro, dos partidos liderados até 2019 por Nursultan Nazarbayev e agora por Toqayev.

Outras fontes • AFP, TASS

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