Tensão na Ucrânia: O dia a dia vivido a medo e com uma mala para fugir da invasão russa

Veículos militares russos em trânsito colocando pressão sobre a Ucrânia
Veículos militares russos em trânsito colocando pressão sobre a Ucrânia Direitos de autor AP Photo, Arquivo
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De  Francisco MarquesKate Baklitskaya
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A Euonews esteve em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, onde o medo já faz parte do quotidiano de se viver a 40 quilómetros da Rússia

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A segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, fica a apenas 40 quilómetros da fronteira com a Rússia. Vive atualmente sob uma latente tensão, embora os residentes tentam levar a vida com a normalidade possível.

A Euronews visitou esta cidade no nordeste da antiga república soviética, agora sob pressão de Moscovo e de uma eventual invasão russa, e pôde ver os residentes em Kharkiv a tentar manter as rotinas habituais.

A tensão latente entre a Ucrânia e a Rússia e a ameaça de uma alegada invasão pairam no ar e Andriy Panov não o esconde.

"Claro, todos nos sentimos inquietos quando tropas estrangeiras aumentam junto à nossa fronteira. Como é óbvio, estamos preocupados, mas sabemos que a Ucrânia tem vindo a desenvolver o exército desde 2014 e estamos confiantes", disse-nos Andriy.

O início da tensão

A Ucrânia vive uma situação muito tensa desde a revolução de 2013 que levou à queda do então presidente Viktor Yanukovych, um oligarca com ligações próximas ao Kremlin.

A queda do regime espoletou um conflito entre os apoiantes de uma maior abertura progressista ao ocidente, à União Europeia, e os mais conservadores apoiantes da ligação à Rússia, herdada dos tempos da União Soviética.

A anexação pela Rússia da península da Crimeia em março de 2014 marcou a cisão entre Moscovo e o ocidente na questão ucraniana. Embora não assumindo abertamente um apoio efetivo, é a Rússia quem tem permitido às forças separatistas manterem uma barricada no sudeste da Ucrânia, nos "oblasts" (regiões) de Donetsk e Luhansk, num território para o qual exigem independência.

Na semana passada, o presidente Volodymyr Zelensky admitiu poder estar iminente um ataque da Rússia em território ucraniano, em particular em Kharkiv, sob o pretexto da proteção da população pró-russa. Uma faísca que poderia tornar-se numa guerra de larga escala e que já envolve também a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

As palavras de Zelensky refletiram a ansiedade que se sente em Kharkiv.

O falhanço de diversas rondas negociais, nomeadamente entre os Estados Unidos e a Rússia, a mobilização militar russa a crescer junto à fronteira ucraniana e o conflito separatista que se mantém no sudeste, tudo isso agrava o medo.

A tensão latente

"Estou preocupado e não só eu e os meus amigos", assume Oleksiy Hust, em russo, a língua nativa desta região europeia, mas que já perdeu para o ucraniano o título de língua oficial, embora ainda seja falada pela larga maioria da população.

Hust garante que a preocupação perante uma escalada militar oriunda da Rússia já afeta os residentes de Kharkiv e mesmo todos os ucranianos.

"Vivemos neste estado desde 2014. Já tomámos algumas medidas para o caso de haver uma invasão. Temos preparada uma mala de fuga com documentos de identidade, dinheiro e cartões bancários para o caso de tudo se precipitar e termos de fugir rapidamente", contou-nos este residente de Kharkiv.

Com 38 anos, Oleksiy Hust está entre os ucranianos que acreditam que a ameaça de invasão russa é real.

O presidente da câmara de Kharkiv já garantiu que não vai deixar a Rússia capturar a cidade. Igor Terekhov assegura que as forças de defesa ucranianas estão prontas para reprimir qualquer tentativa de invasão.

"Apesar de a Rússia ter reunido mais de 100 mil soldados junto à fronteira da Ucrânia, que podem vir a ser usadas a qualquer momento numa ofensiva, as pessoas mantém o dia a dia, em Kharkiv, na esperança do melhor, mas prontos para o pior", concretiza Kate Baklitskaya, a enviada especial da Euronews à segunda maior cidade da Ucrânia e uma das mais próximas da periclitante fronteira com a Rússia.

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