Comissão Europeia faz balanço da Conferência sobre o Futuro da Europa: "Queríamos ouvir os cidadãos"

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De  Gregoire LoryEuronews
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Dubravka Suica, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela pasta da Democracia, revelou à Euronews como está a decorrer o escrutínio aos europeus sobre o que pensam e querem da União Europeia.

É um exercício único em democracia participativa. Desde maio, todos os cidadãos da União Europeia têm sido chamados a dizer o que pensam sobre o projeto europeu no âmbito da Conferência sobre o Futuro da Europa. O objetivo é construir a União das próximas décadas. A terceira sessão plenária realizou-se nos dias 21 e 22 de janeiro, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

A Vice-Presidente da Comissão Europeia, Dubravka Suica, responsável pela pasta da Democracia, falou com a Euronews sobre como esta a decorrer e o que podemos esperar da conferência que quer desenhar o futuro da Europa.

Temos mais de 4,5 milhões de cidadãos europeus que interagiram connosco
Dubravka Suica
Vice-Presidente da Comissão Europeia

Gregoire Lory, Euronews :Está satisfeita com a mobilização dos cidadãos para esta conferência?

Dubravka Suica: Devo admitir que estou satisfeita, porque vivemos no meio de uma pandemia e não é fácil atrair cidadãos a comparecer. Mas como organizámos todos os eventos, tanto fisicamente, como num formato híbrido, posso dizer que estou satisfeita, especialmente porque temos, como sabem, uma plataforma digital multilingue em 24 línguas europeias diferentes, para que as pessoas possam comunicar connosco através desta plataforma digital.

Como vivemos numa era digital e uma das prioridades desta Comissão Europeia é a Europa digital, isto também é muito importante. Desta forma, muitos cidadãos podem comunicar, podem partilhar as suas ideias, podem comentar ou podem organizar diferentes eventos. Neste momento, temos mais de 4,5 milhões de cidadãos europeus que interagiram connosco, o que posso dizer que isto é bastante, mas é claro que não é tudo. Queremos sempre promover melhor a nossa Conferência sobre o Futuro da Europa, e isto é também para convidar os cidadãos a aceder a plataformas digitais multilingues e a expressarem as suas preocupações, as suas esperanças, os seus receios, as suas ideias, o que quer que pensem sobre a Europa, a sua Europa, a nossa Europa, em que querem viver e trabalhar.

G.R.: Que Estados-membros estão mais envolvidos e quais são os que poderiam fazer melhor ?

D.S.: Penso que os Estados-membros mais ativos são a Alemanha, França, Bélgica, penso que Itália também. Julgo que o Leste da Europa podia fazer melhor. Mas podem não estar tão bem informados. E também são mais pequenos, por isso, vendo isto em proporção, eles estão a ir bem.

Mas penso que é importante que todos interajam connosco, porque a razão pela qual organizámos esta Conferência sobre o Futuro da Europa do Futuro é porque queríamos ouvir os cidadãos, porque não basta interagir com eles de cinco em cinco anos durante as eleições. Por isso, queremos deliberar e ver o que eles pensam.

A maioria diz que não sabe muito sobre a Europa, sobre as instituições europeias, que não tem programas curriculares nas escolas para ensinar as crianças, os alunos, os estudantes mais sobre a Europa e as instituições europeias
Dubravka Suica
Vice-Presidente da Comissão Europeia

G.R. : O que é que retêm do relatório intercalar? O que é que mais se destacou, entre preocupações, ideias, vontade dos cidadãos?

D.S.: O que percebi é que a maioria diz que não sabe muito sobre a Europa, sobre as instituições europeias, que não tem programas curriculares nas escolas para ensinar as crianças, os alunos, os estudantes mais sobre a Europa e as instituições europeias. Falta-lhes esta identidade europeia, e isto, penso eu, mas não vou antecipar-me, é o que poderia ser uma das conclusões desta conferência. Portanto, melhor conhecimento da Europa e de alguma forma preencher esta lacuna, que existe entre os conhecimentos dos cidadãos e o que a Europa está a fazer por eles. Por isso, queremos reduzir, se possível, este fosso entre nós, entre decisores políticos e cidadãos.

G.R.: Há já uma ideia do perfil de quem está a aderir, a participar e disposto a moldar esta conferência?

D.S.: Neste momento, temos os resultados das plataformas digitais multilingues, mas é apenas um relatório provisório, nada pode ser antecipado e não quero falar de resultados, porque não quero influenciar as ideias dos cidadãos, tendo em conta que os queremos ouvir. Mas pode vê-lo na página da plataforma digital. São mais homens do que mulheres. São também pessoas mais instruídas e entre os 19 e os 40 anos, o que significa que têm mais aptidões digitais. Isto significa que temos de melhorar tudo isto e que o contacto físico é sempre melhor. Mas como sabem, como vivemos sob estas circunstâncias especiais da Ómicron, neste momento, nem sempre é fácil. Portanto, isto é o que vemos neste momento, mas não significa que seja o resultado final.

Precisamos de metade do nosso mandato para aplicar o que os cidadãos deliberarem e as conclusões a que chegarmos. Caso contrário, chegamos ao fim do mandato e não vamos ser capazes de implementar nada
Dubravka Suica
Vice-Presidente da Comissão Europeia

G.R.: Como vão os debates? Alguns foram um pouco tempestuosos, diria. Alguns participantes sentem que não têm tempo suficiente, ou que há demasiados tópicos e não podem dizer tudo o que querem dizer.

D.S.: Talvez alguns digam isso, mas é muito bem organizado e é muito justo e correto. Toda a gente tem o mesmo tempo de palavra, o que também é muito importante. Todos os tópicos estão abertos, todos podem dizer o que quiserem. Portanto, estamos completamente abertos, embora divididos em diferentes painéis, mas há espaço suficiente para todos. Claro que isto é - direi - um exercício e estamos agora a pensar como tornar este exercício, se me é permitido dizer, permanente, mas ainda não foi decidido, porque achamos que temos de incorporar a democracia deliberativa e participativa no nosso processo de elaboração de políticas na União Europeia.

G.R.: Tem os recursos, mas terá tempo suficiente?

D.S.: No início, estava previsto que durasse dois anos, como sabe, e não pudemos começar porque, como se lembra, estávamos em confinamento. Começámos no ano passado, no dia da Europa, e agora tem a duração de um ano.

Muitos cidadãos perguntaram-me por que é que paramos este ano, no dia 9 de maio. E é porque precisamos de metade do nosso mandato para aplicar o que os cidadãos deliberarem e as conclusões a que chegarmos. Caso contrário, chegamos ao fim do mandato e não vamos ser capazes de implementar nada.

E esta é a razão, o trabalho, para nós políticos, começa a 9 de maio deste ano, depois de termos conclusões e recomendações dos cidadãos, aí vamos ter de começar a trabalhar, as três instituições e esta é a primeira vez na história da União Europeia que três instituições trabalham em conjunto nesta matéria e que temos uma abordagem comum e não há votação, pelo que tudo deve ser feito em consenso.

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