Vladimir Putin reconhece independência de regiões separatistas na Ucrânia

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Direitos de autor Sergei Guneyev/Sputnik
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De  Francisco Marques
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Presidente russo anuncia decisão após Conselho de Segurança Nacional, onde chegou a ser referida a anexação de Donetsk e Luhansk. Kyiv e ocidente reagem

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A Rússia reconheceu esta segunda-feira de forma unilateral a independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk no território soberano da Ucrânia.

Kyiv marcou de imediato um Conselho de Segurança e União Europeia deve avançar com sanções económicas contra Moscovo.

A Presidente da Comissão Europeia denunciou "o reconhecimento de dois territórios separatistas na Ucrânia é uma violação flagrante da legislação internacional, da integridade territorial da Ucrânia e dos acordos de Minsk".

"A UE e os seus parceiros vão reagir com união, firmeza e determinação em solidariedade com a Ucrânia", escreveu Ursula von der Leyen pelas redes sociais já depois do porta-voz dos "27", Josep Borrell, ter antecipado a aplicação de sanções europeias à Rússia.

Após enviar mensagens contraditórias consoante os destinatários sobre as respetivas intenções na Ucrânia, Vladilir Putin difundiu uma longa mensagem televisiva, onde discorreu um vasto rol da sua própria versão da história da Ucrânia, fez acusações à NATO e aos Estados Unidos e concluiu o monólogo com o reconhecimento das Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk.

Horas antes, o Presidente russo teve pelo menos duas conversas telefónicas com o homólogo de França sobre a situação na Ucrânia, com quem concordou na importância de prosseguirem as conversações no "formato Normandia" (que inclui ainda a Alemanha e a Ucrânia), de onde saíram os acordos de Minsk, agora condenados pelo reconhecimento da pretensão dos rebeldes ucranianos pró-russos.

Em cima da mesa tinha ficado também a preparação de um encontro de Putin com o Presidente dos Estados Unidos. Aguarda-se uma reação de Joe Biden ao reconhecimento das repúblicas secessionistas ucranianas.

O encontro entre os dois presidentes deveria começar a ser preparado na quinta-feira, em Genebra, na Suíça, entre os respetivos chefes de diplomacia, Sergei Lavrov e Antony Blinken.

Anexação abordada e corrigida

De acordo com a agência TASS, o chefe dos serviços secretos russos, Sergei Naryshkin, chegou a manifestar no Conselho de Segurança da Rússia o apoio à "proposta de unir as Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk à Federação russa".

"Não estamos a falar sobre isso. Estamos a debater o reconhecimento ou não da independência das regiões", terá corrigido o Presidente russo, com Naryshkin também a emendar a posição: "Sim, eu apoio a proposta de reconhecer a independência".

Vladimir Putin prometeu uma decisão sobre a proposta para esta segunda-feira e concretizou-a, abrindo uma ferida que pode agravar-se nos próximos dias, dependendo da reação por exemplo da Ucrânia, mas também da comunidade internacional ocidental perante a ofensiva burocrática unilateral do Kremlin.

"O nosso objetivo é ouvir os nossos parceiros e decidir os nossos próximos passos, tendo em mente os apelos dos líderes da República Popular de Donetsk e da República Popular de Luhansk de lhes reconhecermos a independência", disse o Presidente russo perante os compatriotas.

No Conselho de Segurançarusso, Putin afirmou ainda ter recebido garantias do Presidente dos Estados Unidos de que a Ucrânia não integraria a NATO e que "uma moratória" nesse sentido "é possível".

Estas declarações e a possibilidade de um encontro pessoal entre Putin e Biden para conversarem sobre a Ucrânia não terá caído bem em Kiev.

"Se Putin se vai encontrar com Biden, eles podem, mas se a situação no nosso país vai ser debatida, acreditem em mim, ninguém pode resolver os nossos problemas sem nós estarmos presentes. Será feito apenas com a nossa participação", assegurou Oleksiy Danilov, o secretário do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia.

E um desses problemas será o desejo de a Ucrânia entrar para a NATO, consagrado na Constituição ucraniana em fevereiro de 2019 ao lado do objetivo de integrar também a União Europeia, ambos os objetivos sem prazo definidos, mas que só à Ucrânia e aos membros da NATO e da UE dizem respeito.

O alargamento da aliança atlântica para leste é, no entanto, o que a Rússia parece querer evitar a todo o custo, como Putin manifestou claramente na declaração televisiva desta segunda-feira.

A expetativa agora é também ver como vai ser recebida na assembleia das Nações Unidas o reconhecimento russo de regiões separatistas dentro do território de um país vizinho soberano cujas fronteiras estão oficialmente delineadas no mapa da ONU incluindo os "oblasts" (regiões) industriais de Donetsk e Luhansk.

Outras fontes • AP, TASS

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