População dividida acerca da postura do Kremlin na invasão da Ucrânia
Os efeitos das sanções internacionais motivadas pela invasão da Ucrânia já são sentidos nos bolsos de muitos russos. Face à forte queda do valor da moeda russa, o rublo, e aos receios de falta de liquidez, muitos tentam retirar as economias dos bancos, mas a maioria sem grande sucesso.
Junto a um banco em Moscovo, um homem dizia: "Há filas enormes em todo o lado. Aqui havia há pouco setenta pessoas à espera, mas há poucas caixas automáticas com dinheiro."
A guerra também preocupa a população, sobretudo os mais novos.
"As pessoas começam a ter medo. Depois de Putin ter dado o primeiro passo, quem sabe se lhe dará uma psicose e carregará nalgum botão", afirmava um jovem moscovita.
Outro dizia: "É claro que não apoiamos ações de guerra, ou qualquer agressão. É sempre mau. Ninguém vai ganhar com isso."
Também há quem, apesar de defender a paz, acredite que o Kremlin foi obrigado a agir.
"Os atos do nosso governo foram forçados. É muito difícil fazer prognósticos. Queremos paz. Precisamos de paz", defendia um residente da capital russa.
E há ainda quem repita o discurso do presidente russo, apontando o dedo diretamente a Kiev.
Uma mulher afirmava: "Eles têm estado a provocar a Rússia."
Outra dizia: "É a culpa dos ucranianos e Putin tem razão. Quero dizê-lo a todo o mundo: Putin é quem tem razão."
Entre os jovens, que nasceram e cresceram durante as duas décadas de Putin no poder, as opiniões dividem-se entre os que receiam uma mobilização militar maciça e os que temem, simplesmente, desafiar um poder omnipresente durante todas as suas vidas.
Um jovem sublinhava: "Há receios. Todos temem. Ninguém gostaria de se ver no meio daquilo."
Outra jovem moscovita dizia: "Temos medo de sair à rua nesta situação, porque Putin tem todo o poder. A única coisa que podemos fazer é levantar a voz. Somos contra isto."