Documentos impedem transexuais de deixar a Ucrânia

Documentos impedem transexuais de deixar a Ucrânia
Direitos de autor Czarek Sokolowski/Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved
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Muitos transexuais, em processo de mudança de sexo, foram apanhadas pela guerra sem as alterações nos documentos e não podem sair do país

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Antes de atravessar a fronteira para a Polónia, Joanne nunca pensou que realmente conseguiria deixar a Ucrânia.

Isto porque ela é uma mulher transexual, que estava nas fases iniciais de mudança legal de género antes do eclodir da guerra e ainda só tinha conseguido atualizar a certidão de nascimento.

"Tive um problema porque foi-me dito que uma certidão de nascimento não é suficiente para atravessar a fronteira. Precisava de uma identificação, que eu ainda não tenho. Por isso, a minha preocupação era que fosse rejeitada na fronteira".

Joanne acabou por conseguir passar a fronteira, mas muitos outros membros da comunidade trans não tiveram a mesma sorte.

"É preciso ter os documentos. Se tivermos documentos, tudo corre bem. Se não os tivermos, tudo corre mal", diz.

Muitas das mulheres trans que tentam fugir da Ucrânia estão a ser impedidas pela lei marcial, que impede os homens em idade militar de deixar o país.

Embora os ativistas LGBTQ+ na Ucrânia tenham feito progressos nos últimos dois anos, ainda existem muitas barreiras para as pessoas trans. Por exemplo, ainda precisam de um exame psiquiátrico ambulatório para mudar de género, o que pode levar à hospitalização em regime de internamento.

Isto faz com que ainda haja muitas mulheres trans referenciadas como homens nos documentos de identificação.

O coordenador da organização HPLGBT, Igor Medvid diz: "A situação é muito difícil porque a comunidade LGBT já se sentia marginalizada e discriminada antes da guerra...Muitas pessoas dizem que quando tentam atravessar a fronteira, a polícia e os guardas de fronteira tomam as decisões com base na identificação de género assinalada no passaporte...Consideramos isto mais um exemplo de transfobia legal".

Segundo Igor, algumas pessoas sem documentos atualizados puderam partir nos primeiros dias da guerra, mas isso tornou-se, desde então, quase impossível, apesar de as pessoas fazerem tudo o que podem para sair da Ucrânia.

Anastasiia Yeva Domani, diretora da ONG Cohort alerta: "Existem duas organizações trans na Ucrânia, e ambas estão a aconselhar as pessoas a não se desfazerem dos documentos e a não utilizarem métodos ilegais, como o suborno e coisas do género, porque serão provavelmente apanhadas e detidas. Isto torna a situação ainda pior, porque se os documentos forem colocados na base de dados como perdidos, isso apenas criará mais problemas".

Em vez disso, recomenda que as pessoas se desloquem para as regiões ocidentais da Ucrânia e esperem que o conflito acabe.

A Cohort está a fornecer hormonas para o tratamento contínuo de pessoas que não se encontram na linha da frente.

Outros ativistas apelam à abertura de um corredor humanitário para ajudar a tirar membros da comunidade trans do país.

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