Invasão russa da Ucrânia entra no 33.° dia e com novo frente a frente em Istambul

Funeral de um ucraniano em Yuzhine, na região de Odessa
Funeral de um ucraniano em Yuzhine, na região de Odessa Direitos de autor AP Photo/Max Pshybyshevsky
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De  Francisco Marques
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Quase três mil vítimas civis confirmadas da invasão russa na Ucrânia, mas "os números reais são muito mais altos". Finlândia fecha rota russa de fuga à opressão do Kremlin

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Com nova ronda de negociações de Paz iminente em Istambul, num novo frente a frente entre delegações de ambos os lados, a invasão russa da Ucrânia cumpre esta segunda-feira o 33.° dia.

A destruição de diversas cidades e a fuga de muitos ucranianos da agressão ordenada pelo Kremlin continuam.

No final de um dia marcado por fortes declarações de Joe Biden, a considerar que Vladimir "Putin não pode continuar no poder", o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados confirmou 2.909 civis vítimas do ataque da Rússia à Ucrânia, incluindo quase 1.119 mortos, entre eles 99 crianças.

Os feridos confirmados ascendem aos 1.790, "incluindo 126 crianças, a maioria devido a bombardeamentos e ataques aéreos".

"O ACNUR acredita que os números reais são muito mais altos, em especial nos territórios controlados pelo governo (da Ucrânia) e em particular nos últimos dias, com a informação proveniente de alguns dos locais onde têm havido intensos combates a ser retardada e muitos relatórios ainda a aguardar verificação", lê-se num comunicado da entidade.

O Presidente ucraniano mantém-se muito ativo nas denúncias de crimes de guerra imputados ao Kremlin, nos apelos ao cessar-fogo e à retirada russa do território ucraniano.

Na véspera da retomada das negociações em presença com Moscovo, Volodymyr Zelenskyy reiterou a soberania dos ucranianos, que terão de validar em referendo as decisões acordadas com o Kremlin, disse querer assinar acordos sobre o respeito recíproco das línguas, história e valores culturais com todos os países vizinhos, incluindo a Rússia, e destacou a questão de segurança.

"Este ponto, o das garantias de segurança para a Ucrânia, e que (a Rússia) também diz ser importante para eles, este ponto nas negociações é compreensível para mim. Está a ser discutido e cuidadosamente estudado", afirmou Volodymyr Zelenskyy, durante uma entrevista com diversos jornalistas russos divulgada pelo portal da presidência ucraniana.

Do lado da Rússia, Vladimir Putin celebrou o Dia da Guarda Nacional e agradeceu a bravura da força criada há seis anos no que continua a descrever como uma "operação especial na Ucrânia".

Já após a controvérsia com Joe Biden, que viria a garantir não ter defendido a deposição de Putin no Kremlin, o Presidente da Rússia falou por telefone com o homólogo da Turquia.

Putin e Erdogan acordaram realizar as negociações presenciais com a Ucrânia em Istambul.

O frente a frente entre delegações deverá acontecer terça e quarta-feira, de acordo com a agência russa TASS, citando Vladimir Medinsky, o representante do líder do Kremlin à cabeça da delegação russa, enquanto David Arakhamia, da delegação ucraniana, admitiu, citado pela Interfax, que o encontro podia acontecer já esta segunda-feira.

As negociações são retomadas numa altura em que cada vez mais e mais residentes de Mariupol abandonam a cidade costeira do Mar de Azov, sitiada há semanas pelas forças russas. Os militares afetos ao Kremlin tentam ligar por terra a região separatista do Donbass à Crimeia.

As milícias separatistas de Donetsk garantem ter montado um acampamento para acolher os deslocados de Mariupol, mas a Ucrânia acusa a Rússia de estar a forçar os residentes da cidade a deslocarem-se para zonas que controla depois de os ter bombardeado indiscriminadamente.

À Finlândia chegou, entretanto, a ultima ligação ferroviária proveniente da Rússia. Os proprietários finlandeses do serviço decidiram suspender a dupla ligação diária entre Helsinquia e São Petersburgo, interrompendo uma rota por onde muitos russos têm fugido da opressão do Kremlin.

A medida finlandesa vem agravar ainda mais o isolamento internacional da Rússia e colocar pressão sobre os opositores internos de Putin, para quem já não é tão fácil simplesmente fugir da perseguição a quem critica o Kremlin ou a invasão da Ucrânia.

Outras fontes • AP, TASS, Interfax

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