Presidenciais francesas: uma batalha travada nas redes sociais

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De  Cyril FournerisEuronews
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As regras rígidas de igualdade de tempo de antena entre os candidatos na televisão ou na rádio estão desfazadas da realidade.

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Documentários no YouTube, reuniões transmitidas ao vivo no Twitch, alguns passos de dança no Instagram, ou uma partida de bowling vista por mais de 6 milhões de vezes no Tiktok...mais do que nunca, a campanha eleitoral francesa é uma batalha que está a travar-se nas redes sociais. Um espaço ideal para conquistar eleitores com menor custo e sem limite de tempo.

Os jovens dizem que já não veem televisão, e muito menos ouvem rádio, o seu mundo é a internet. Gostam das redes sociais e sentem que estas dão voz tanto aos grandes como aos pequenos candidatos.

A empresa Favikon analisa as tendências eleitorais através do ranking dos candidatos nas redes sociais. A sua pesquisa destaca três candidatos: Emmanuel Macron, Éric Zemmour e Jean-Luc Mélenchon, que está na liderança.

Segundo o presidente da empresa, Jérémy Boissinot, "esta é uma campanha em que os candidatos mais radicais estão a destacar-se. Eric Zemmour e Jean-Luc Mélenchon figuram no ranking há seis meses e têm alternado no primeiro lugar. As redes sociais, explica, permitem aos candidatos o acesso a todos os grupos do eleitorado: se quiserem dirigir-se a profissionais, vão ao Linkedin, se quiserem dirigir-se aos mais jovens, usam o Tiktok, e se quiserem ser ouvidos pelo público em geral, usam o Facebook. Hoje em dia, existe toda uma gama de ferramentas à disposição dos candidatos para se tornarem conhecidos nas redes sociais," acrescenta.

Outros candidatos não estão a ter sucesso, nem nas redes socias nem nas sondagens.

De acordo com Jérémy Boissinot, "candidatos mais consensuais, como Valérie Pécresse, Anne Hidalgo ou mesmo Yannick Jadot, não conseguiram influenciar o eleitorado porque os seus conteúdos não despertaram interesse nas redes sociais."

Para despertar o interesse dos eleitores, é necessário ser forte e incisivo, e é para isso que as equipas de comunicação digital dos candidatos estão a trabalhar de forma incansável, cientes de que nas redes sociais existe o que professor de Communicação no Instituto de Estudos Políticos de Paris, Philippe Moreau-Chevrolet, chama de "bónus do radicalismo".

No entanto, as tendências, às vezes, são enganosas. Segundo o docente, "se olhássemos para as redes sociais para prever os resultados da eleições, diríamos que Eric Zemmour vai ser presidente, possivelmente vai ser o adversário de Emmanuel Macron na segunda volta. Mas, de facto, pode não ser bem assim, porque nas redes sociais expressam-se apenas os mais radicais, o que não é representativo da realidade.”

Foi isso, afirma o professor, “que o presidente Joe Biden compreendeu muito bem durante a campanha para as presidenciais norte-americanas . A sua campanha não apostou no Twitter mas sim no que estava a acontecer na vida real. Em grande medida, é também o que a Marine Le Pen está a fazer, com bom resultado."

Na era das redes sociais, uma coisa é certa: as regras rígidas de igualdade de tempo de antena entre os candidatos na televisão ou na rádio estão desfazadas da realidade. Tanto assim que muitos em França defendem, atualmente, a reforma da lei eleitoral.

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