Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados avisa que esta lei viola a Convenção de Genebra sobre os Refugiados
O Ruanda será o parceiro improvável do Reino Unido na luta contra a imigração ilegal. O governo de Boris Johnson anunciou uma série de medidas para tentar desmantelar as redes de tráfico humano. A costa britânica passa a ser patrulhada pela Marinha, serão construídos novos centros de acolhimento em território britânico mas a medida mais polémica prende-se com a parceria entre Londres e Kigali.
A situação agravou-se com a saída da União Europeia e só o ano passado, atravessaram ilegalmente o Canal da Mancha mais de 28 mil pessoas.
A ideia por trás desta parceria, que custará qualquer coisa como 120 milhões de libras aos cofres britânicos, passa por enviar os homens solteiros que chegarem ilegalmente ao país para o Ruanda e fazê-los esperar aí enquanto é processado o pedido de asilo.
O Ruanda é um dos países africanos com maior crescimento económico mas persiste um enorme ponto de interrogação relativo ao respeito dos direitos humanos. As dúvidas alargam-se à própria medida do governo britânico, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, esta lei trata-se de uma violação da Convenção de Genebra sobre os Refugiados.
A medida surge um dia depois de a Organização Mundial da Saúde ter lamentado a existência de refugiados de primeira e de segunda, pela voz do diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus:
"Não sei se o mundo presta atenção igual às vidas negras e brancas. A atenção dada à Ucrânia é importante, porque é uma situação que tem impacto no mundo inteiro. Mas o Tigré, o Iémen, o Afeganistão, a Síria e outros não recebem nem uma fracção dessa atenção.
O mundo não está a tratar a raça humana por igual. Alguns são mais iguais do que outros."