Posição da França Insubmissa: "Cabe a Macron demonstrar que Le Pen é pior que ele"

Cartaz da campanha eleitoral de Jan-Luc Mélenchon
Cartaz da campanha eleitoral de Jan-Luc Mélenchon Direitos de autor JOEL SAGET/AFP
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De  Francisco Marquescom Cyril Fourneris
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O líder da Esquerda francesa, Jean-Luc Mélenchon, falhou por pouco a segunda volta das Presidenciais, mas os sete milhões de apoiantes congregados devem agora definir quem ganha a chave do Eliseu

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Jean-Luc Melenchon já não faz parte da corrida presidencial em França, mas os apoiantes do líder do partido França Insubmissa ainda têm uma palavra importante e, prevê-se, decisiva no duelo deste domingo entre o Presidente recandidato, o centrista pró-europeu Emmanuel Macron, e a nacionalista Marine Le Pen, líder do União Nacional, de extrema-direita.

A nível nacional, foi por pouco que o líder da esquerda não se conseguiu apurar para a segunda volta. Somou 21,95% dos votos contra 23,15% de Marine Le Pen, com Macron destacado a ficar à beira dos 28%.

Mélenchon não apelou ao voto em Macron, na segunda volta, apenas em não se dar voz a Marine Le Pen, mas nas redes sociais parece estar já a dirigir-se ao líder do movimento "República em Marcha" como se ele tivesse o triunfo garantido este domingo e o pudesse nomear primeiro-ministro após as Legislativas.

Em Saint-Denis, uma zona de parcos recursos nos arredores de Paris, um em cada dois eleitores terá votado em Mélenchon no primeiro turno e agora, perante o microfone da Euronews, alguns refletem a divisão que se sente na esquerda sobre o que fazer este domingo nas urnas apesar da posição entretanto assumida pelo líder do França Insubmissa e da coligação de esquerda União Popular.

Uma segunda volta que não esperavam, dois candidatos indesejados, eleger o menos mau ou abster-se foram as opções que escutámos nas ruas de Saint-Denis.

A maioria dos eleitores de esquerda em França parece ainda não saber como proceder no domingo, mas, entre os já decididos, Macron parece ser a escolha de boa parte dos apoiantes de Mélenchon, como assume Éric Coquerel.

"Fazemos mais do que devemos ao pedir para não se dar voz à senhora Le Pen. Aconselhamos as pessoas a irem votar. A partir daí cabe ao senhor Macron demonstrar que a senhora Le Pen é pior que ele", disse-nos o deputado do França Insubmissa, pelo círculo de Saint-Denis, reiterando o apelo deixado logo na noite da primeira volta por Jean-Luc Mélenchon, então sem se referir diretamente ao voto em Macron.

O líder da esquerda nestas eleições saiu derrotado na primeira volta, batido por pouco pela líder da extrema-direita, mas ainda assim conseguiu congregar mais de sete milhões de apoiantes.

O França Insubmissa espera tirar vantagem disso nas Legislativas marcadas para junho e onde a coligação União Popular, que inclui diversos partidos de esquerda, espera "continuar a mobilizar os eleitores" e até, deseja Éric Coquerel, "aumentar o apoio".

As tendências de voto em França são estudadas pelo instituto Ipsos, onde o diretor de pesquisas, Mathieu Gallard, antecipa um papel determinante da esquerda nesta eleição presidencial.

"As eleições legislativas são por tradição uma validação do resultado da segunda volta das presidenciais. É claro que pode ter impacto no eleitorado de Jean-Luc Mélenchon, que pode simplesmente decidir abster-se", perspetiva Gallard.

As sondagens têm sugerido uma participação este domingo nas urnas a rondar os 71%, abaixo dos 74,56% registados também na segunda volta há cinco anos, num duelo entre os mesmos rivais políticos.

Às zero horas deste sábado, França entra em silêncio político para permitir a reflexão dos eleitores antes de participarem no domingo na grande decisão que irá definir o futuro do país com impacto direto na União Europeia.

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