Primeiro-ministro húngaro diz que proposta europeia de embargo às importações de petróleo russo é prejudicial para o país e não pode apoiar a iniciativa no presente formato
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, elevou as apostas em relação ao desfecho do acalorado debate sobre o mais recente plano de sanções da União Europeia contra a Rússia.
Bruxelas propôs um embargo total ao petróleo russo, mas a Hungria, apesar de poder beneficiar de um período de transição mais longo, acena com um veto.
"O petróleo russo ou qualquer tipo de petróleo só pode chegar à Hungria através de oleodutos. Uma extremidade do oleoduto está na Rússia e a outra na Hungria. É uma herança que nos calhou. Não podemos aceitar uma proposta que ignora esta circunstância. A proposta, na forma atual, é como uma bomba atómica lançada sobre a economia húngara", sublinhou Viktor Orbán.
Durante uma entrevista à estação de rádio estatal, o primeiro-ministro húngaro disse que cortar o petróleo russo implicaria uma mudança completa no sistema energético do país.
Acrescentou que isso demoraria cinco anos e que seriam precisos milhares de milhões de euros.
O chefe da diplomacia europeia pronunciou-se sobre as declarações de Orbán.
Josep Borrell alertou o primeiro-ministro húngaro para não misturar sanções contra a Rússia com problemas relacionados com fundos de recuperação destinados à Hungria: "pode-se discutir quantos anos são precisos para [um país] se adaptar a um embargo de petróleo, mas vincular o embargo a outra coisa que não tem nada a ver com isso, como a entrega de financiamento de recuperação da pandemia, por razões políticas, é inaceitável."
Os fundos de recuperação destinados à Hungria estão congelados pela Comissão Europeia por causa dos alegados níveis elevados de corrupção.
Os representantes dos Estados-membros continuarão a discutir a nova ronda de sanções contra a Rússia (a sexta) durante o fim de semana.