Longe da guerra - e nalguns casos, da família -, um grupo de jovens canoístas ucranianos instalou-se em Ponte de Lima
Há canoas pintadas de azul e amarelo a descer o Rio Lima, no norte de Portugal. Uma equipa de 15 jovens canoístas ucranianos encontrou no Alto Minho uma nova casa. Fazem parte de um grupo maior de 35 refugiados acolhidos pela Câmara de Ponte de Lima, com o apoio da Santa Casa da Misericórdia.
Os jovens têm entre 12 e 16 anos e muitos deixaram as famílias para trás. É o caso de Oleksandr que assume sentir falta da família e mostra-se "preocupado" com o facto de o irmão estar a “combater na guerra”. Ao lado, Herman, igualmente sem família em Portugal, confessa ter saudades da mãe.
"Em bom português, saudade. Eles estão com saudades da terra-mãe, isso é normal, por melhor que aqui estejam. Nos temos tentado minimizar os custos desse grande problema que eles têm," diz Alípio de Matos, provedor da Santa da Misericórdia de Ponte de Lima.
A barreira linguística trava um convivio mais alargado com a população local, mas os responsáveis pela integração acreditam que há uma linguagem universal que vai sublimar as dificuldades.
Ernesto Pereira, responsável pelo Clube Náutico de Ponte de Lima e vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, não tem dúvidas: "O desporto também é isto: inserir as pessoas na sociedade. É uma das outras vertentes que o desporto tem."
Dois meses depois do arranque em Portugal da operação de acolhimento aos refugiados ucranianos, as autoridades fazem um balanço positivo que tem eco noutras comunidades.
“Conseguimos a partir desta experiência que as pessoas estão a viver, os municipios estão a ter, e as empresas estão a participar, alargar as respostas para outros refugiados, para quem não havia soluções há dois meses,” sublinha André Costa Jorge, diretor da Plataforma de Apoio aos Refugiados.