O mundo precisa do trigo ucraniano. Os agricultores voltam aos campos, mas encontram máquinas destruídas e terrenos esventrados pelos bombardeamentos
A crise alimentar vai crescendo enquanto a Ucrânia não conseguir enviar para o mundo as toneladas de cereais que tem bloqueadas e os agricultores não tiverem condições para continuar a cultivar.
Nas terras onde já é possível semear, as máquinas agrícolas foram alvo dos bombardeamentos russos.
Mikhaylo Perushenko, empregado de uma empresa agrícola, explica: "A situação agora é que não temos máquinas agrícolas, recuperámos a terra que não está minada onde podemos trabalhar, mas não as máquinas porque foram na sua maioria destruídas, o equipamento principal está todo destruído".
Os agricultores começam a voltar aos campos muito vigilantes, porque o perigo está por todo o lado, como conta o tratorista, Aleksandr Bezuhliy: "Há muitos buracos, toda a terra agrícola está cheia de buracos deixados por bombardeamentos. Não temos ataques neste momento, mas noutros campos há bombardeamentos e há peças de artilharia no chão, passamos por elas e ainda semeamos. O que podemos fazer"?
Também os portos por onde os cereais devem ser escoados estão minados. A Rússia diz que desminou o porto de Mariupol e rejeita a acusação de bloquear a saída dos cereais, dizendo que são as decisões dos países ocidentais as responsáveis pela situação.
A Ucrânia, com terrenos muito férteis, é um dos maiores exportadores mundiais de trigo, milho e óleo de girassol. É o oitavo maior produtor global de trigo, e estimava distribuir este ano quase 30 milhões de toneladas.
A Ucrânia e a Rússia exportam cerca de 30% do trigo mundial e a guerra está a atirar milhões de pessoas para a fome. O mundo procura alternativas.