Legislativas em França: Macron perde maioria e extrema-direita tem subida histórica

Emmanuel Macron vai ter de governar pela primeira vez sem maioria favorável no parlamento francês
Emmanuel Macron vai ter de governar pela primeira vez sem maioria favorável no parlamento francês Direitos de autor Michel Euler/AP
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A coligação de Esquerda terá roubado a maioria à aliança do Presidente francês Emmanuel Macron no parlamento numas eleições que ficam ainda marcadas por uma subida "histórica" da extrema direita

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A aliança do Presidente francês Emmanuel Macron obteve o maior número de lugares na última volta das eleições parlamentares de domingo, mas perdeu a maioria parlamentar, mostram os mais recentes resultados.

Os candidatos de da coligação "Ensemble" (Juntos) obtiveram, segundo números ainda provisórios, 234 lugares na Assembleia Nacional - muito menos do que os 289 necessários para ter uma maioria absoluta na casa mais poderosa do parlamento francês.

A Nova União Popular Ecológica e Social - NUPES, nova aliança liderada por Jean-Luc Mélenchon que reúne a esquerda radical representada pelo partido de Mélenchon "La France Insoumise" (França Insubmissa), os Socialistas, Comunistas e Verdes - deverá tornar-se a principal força de oposição com 124 deputados - sendo que, no entanto, os vários partidos constituintes da aliança deverão formar grupos parlamentares separados.

A União Nacional de Marine Le Pen (extrema-direita) conseguiu 89 lugares, um resultado histórico que mais do que multiplica por 10 o número de representantes na Assembleia, já que tinha apenas 8. É a primeira vez que o partido (ex-Frente Nacional) consegue um formar um grupo parlamentar em eleições com escrutínio puramente de círculos uninominais e um crescimento exponencial para a formação de Le Pen, por duas vezes finalista das presidenciais. Em termos de partidos individuais, o partido de Le Pen torna-se no maior da oposição.

"Todas as possibilidades estão nas vossas mãos"

Na reação às projeções, o líder da coligação de esquerda nas eleições legislativas francesas, Jean-Luc Mélenchon, disse que "todas as possibilidades" estão sobre a mesa e que não tenciona desistir da sua ambição de liderar o governo, apesar de as projeções o deixarem longe de ter uma maioria parlamentar.

O discurso na noite de eleições foi triunfalista, apesar de garantir um número de assentos parlamentares abaixo do previsto pelas sondagens e longe de poder formar o governo que ele próprio pretendia chefiar.

Num tom combativo, salientou a "derrota" do partido do actual presidente, Emmanuel Macron, algo que nunca tinha acontecido antes nas eleições legislativas que se seguiram às eleições presidenciais.

Mélenchon disse que este era o seu principal objectivo, apesar do facto de durante toda a campanha estar convencido de obter uma maioria que lhe permitisse liderar o executivo.

O líder de esquerda conseguiu unir o seu partido, a França Insubmissa, com socialistas, comunistas e ecologistas, sob a sigla NUPES, e multiplicou por três o número de deputados que obtiveram separadamente em 2017.

Para Mélenchon, este número de deputados constitui "um instrumento de combate" que lhe permitirá defender as suas ideias e, embora não esteja na nova Assembleia Nacional, assegurou que continuará "até ao seu último suspiro à cabeça das tropas".

Le Pen promete oposição “firme”

A líder do partido União Nacional, Marine Le Pen, prometeu hoje uma oposição "firme" e "sem conluio", mas "responsável e respeitadora" das instituições, após os resultados provisórios das legislativas apontarem para um reforço substancial de deputados."

“É, de longe, o resultado mais numeroso da história da nossa família política”, sustentou Le Pen, em Hénin-Beaumont (Pas-de-Calais), na primeira reação aos resultados da segunda volta das eleições legislativas francesas.

Que futuro para o governo de Elisabeth Borne?

A primeira-ministra apareceu com um semblante carregado perante os eleitores, promentendo "tirar as devidas consequências" da votação. O governo deve manter-se em funções, mas dificilmente isso pode acontecer apenas com o apoio da aliança macronista. O mais provável é que haja um acordo com o partido de centro-direita "Les Républicains" (Os Republicanos), que se vê relegado para uma quarta posição neste escrutínio. No entanto, parece não haver consenso no seio deste partido sobre o que fazer perante os resultados - essa é uma das questões que deverá ter resposta nos próximos dias ou semanas.

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