Suécia e Finlândia: da neutralidade à adesão à NATO

A cimeira da NATO desta semana em Madrid será uma das mais importantes das últimas décadas
A cimeira da NATO desta semana em Madrid será uma das mais importantes das últimas décadas Direitos de autor Paul White/Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved
Direitos de autor Paul White/Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Turquia coloca obstáculos ao alargamento.

PUBLICIDADE

A cimeira da NATO desta semana em Madrid será uma das mais importantes das últimas décadas, já que os líderes da organização irão aprovar um novo Conceito Estratégico num contexto excepcional, marcado pela guerra na Ucrânia, a tensão entre a Rússia e a Lituânia, o espectro nuclear e o pedido de adesão da Suécia e Finlândia.

A invasão russa da Ucrânia pôs fim ao estatuto de neutralidade da Finlândia e da Suécia, um estatuto que manteve os dois países fora de conflitos internacionais durante décadas. 

Os motivos porque adotaram a neutralidade são diferentes, mas ambos têm a ver com a Rússia. A Suécia adoptou a neutralidade no início do século XIX depois de sofrer uma derrota traumática durante as Guerras Napoleónicas, que resultou na perda da Finlândia para o Império Russo.

A invasão da Finlândia pela União Soviética em 1939 também foi traumática. Embora as tropas finlandesas tenham conseguido deter o avanço do Exército Vermelho, a Finlândia foi forçada a ceder 10% do território com o qual proclamou a sua independência em 1917, incluíndo a região de Carélia. A invasão soviética levou o governo finlandês a aliar-se à Alemanha nazi, uma escolha que custou ao país a perda de mais território.

Nos tratados assinados após o fim da Segunda Guerra Mundial, Helsínquia optou pelo estatuto de neutralidade para preservar a sua autonomia política. Durante a Guerra Fria, a neutralidade permitiu à Suécia e à Finlândia manterem boas relações com o Ocidente e com o bloco Soviético e servirem, em caso de necessidade, de eventuais mediadores entre os dois.

Após a queda do muro de Berlim em 1989 e a subsequente desintegração da União Soviética em 1991, ambos os países se voltaram de novo para o Ocidente. No entanto, apesar da aproximação política e de realizarem até manobras militares conjuntas com a NATO, o estatuto de neutralidade continuou em vigor.

A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro deste ano reacenderam a instabilidade geopolítica na região. Moscovo foi acusada de uma agressividade geoestratégica saudosista e de tentar pôr em causa o desfecho da Guerra Fria.

A possibilidade de adesão à NATO ganhou terreno e o apoio político-partidário foi praticamente unânime em ambos os países.

A decisão de solicitar a adesão à Aliança Atlântica foi aprovada pelo parlamento da Suécia e pelo da Finlândia, uma adesão que garantirá aos dois países proteção em caso de agressão por parte de um país terceiro.

Depois da conclusão dos trâmites legais, a Suécia e a Finlândia apresentaram conjuntamente o seu pedido de adesão à NATO no dia 18 de maio.

A decisão foi bem recebida pelos 30 aliados excepto a Turquia. Ancara acusa os dois países nórdicos de abrigarem ou apoiarem militantes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que a Turquia considera como terroristas.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

NATO sai reforçada de Madrid

NATO prepara mudanças na cimeira de Madrid por causa da invasão russa na Ucrânia

Mais de duas mil pessoas manifestam-se em Madrid contra a NATO