Incêndios consomem milhares de hectares no sul da Europa e em Portugal há uma morte

Bombeiro observa avião no combate ao incêndio em Baião, norte de Portugal
Bombeiro observa avião no combate ao incêndio em Baião, norte de Portugal Direitos de autor EPA/HUGO DELGADO
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De Portugal à Grécia, as temperaturas elevadas, ventos fortes e incêndios não dão tréguas aos bombeiros. Avião cai no combate às chamas em Foz Côa

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O sul da Europa está de novo a sucumbir ao fogo e, em Portugal, mais de 600 operacionais combatiam 12 fogos ativos em Portugal continental pelas 00:30 deste sábado, após uma sexta-feira marcada pela morte do piloto de um avião anfíbio de combate a incêndios que se despenhou em Foz Côa (Guarda).

Segundo informações oficiais, desde o início do ano já arderam mais de 30 mil hectares, 68% mais do que em 2021, sendo já pior ano de incêndios no país, até esta data, desde o trágico 2017, que ainda viria a ter em outubro um enorme incêndio no centro do país.

Os números dos incêndios

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) estima terem ocorrido, de 1 de janeiro até esta sexta-feira, 6.118 incêndios rurais em todo o país, que consumiram 38.198 hectares, dos quais 52% em povoamentos florestais, 36% em matos e 11% em área agrícola.

A 8 de julho, dia em que Portugal entrou em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural, tendo depois passado na segunda-feira para contingência com o agravamento do perigo, o ICNF indicava que tinham deflagrado desde 01 de janeiro 12.473 hectares, o que significa que numa semana arderam 25.725 hectares.

Comparando estes dados com o relatório do ICNF de 15 de julho de 2021, concluiu-se que a área ardida é a maior desde 2017, quando até essa data tinham sido consumidas pelas chamas 74.340 hectares após o incêndio de Pedrógão Grande, e a segunda maior na década.

Em comparação com o mesmo período de 2021, a área ardida mais do que triplicou este ano e o número de incêndios aumentou 43% (mais 1.855).

O ano de 2017 viria ainda a ser marcado por um novo grande incêndio, fora de época, em outubro, que viriam a elevar o total de área ardida no ano para mais de 500 mil hectares.

O número de incêndios também é o mais elevado desde 2017. Segundo o relatório da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), em todo o ano de 2021 registaram-se 8.223 incêndios rurais, que resultaram em 28.415 hectares de área ardida.

No distrito da Guarda, André Rafael Serra, piloto de 30 anos natural do Barreiro, perdeu a vida no combate ao fogo. Após recarregar o avião anfíbio FireBoss no Rio Douro, o antigo elemento da Força Aérea portuguesa não conseguiu manter o controlo da aeronave e viria a cair. 

"O óbito foi decretado no local pela equipa médica do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica. O corpo do piloto ficou carbonizado e o avião anfíbio completamente destruído", disse à Lusa o presidente da Câmara de Foz Coa, João Paulo Sousa.

O Presidente da República, o primeiro-ministro, o Ministério da Administração Interna e a Força Aérea manifestaram as condolências à família do piloto, que deixa uma menina de cinco anos. Marcelo Rebelo de Sousa conta estar presente no funeral do piloto.

"As nossas condolências à família e amigos do ex-piloto da Força Aérea Portuguesa, que perdeu hoje a vida, na sequência da queda da aeronave que pilotava durante o combate aos incêndios, em Foz Côa. Paz à sua alma”, sublinharam as Forças Armadas na publicação na rede social Twitter.

No outro lado da fronteira, os bombeiros espanhóis enfrentavam esta sexta-feira pelo menos 33 incêndios. Os mais graves, o de Las Hurdes e o de Cáceres, que afeta a reserva natural de biosfera de o parque natural de Monfragüe.

Em França, o incêndio mais grave arde no sudoeste, na região de Gironda. Perto de um milhar de operacionais combatiam as chamas num zona onde, desde terça-feira, já arderam mais de 7.800 hectares.

O porta-voz dos bombeiros sapadores gauleses afirmou que a França está "em situação de guerra", numa altura em que o país vive o impacto de uma nova canícula e a ameaça de temperaturas acima dos 40°C.

A Croácia também se debate com uma vaga de incêndios, inflamada pela seca e ventos fortes. Perto de Sibenik, as chamas foram combatidas com recursos a aviões cisterna.

Na Grécia, dois bombeiros morreram quarta-feira na queda do helicóptero em que seguiam perto do Mar Egeu. No noroeste de Creta, os ventos fortes continuavam a dar força às chamas e a impedir os aviões Canadair de operar. Uma vila teve de ser evacuada.

Não muito longe, na Turquia, um incêndio deflagrou perto da estância de Datca e ameaçava áreas residências.

No extremo oposto da Europa, no Reino Unido, foi pela primeira vez em 35 anos ativado o alerta vermelho devido ao calor, com previsão de temperaturas acima dos 40°C, motivando preocupação sobretudo com as pessoas mais vulner1aveis que vivem sozinhas em andares superiores.

Em Marrocos, no norte de África, estão em curso desde quarta-feira incêndios nas províncias de Larache, Ouezzane, Taza e Tetouan. Mais de 1.600 hectares foram já consumidos pelo fogo e um milhar de famílias tiveram de ser deslocadas.

Em Larache, foi descoberto o corpo de uma pessoa com múltiplas queimaduras.

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