Mexicanos querem justiça no caso dos 43 estudantes desaparecidos

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A justiça mexicana ordenou, esta sexta-feira, a detenção do antigo procurador-geral e 20 militares e 44 polícias pelo alegado envolvimento no caso

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A justiça mexicana ordenou, esta sexta-feira, a detenção do antigo procurador-geral e 20 militares e 44 polícias pelo alegado envolvimento no desaparecimento em 2014 de 43 estudantes.

Os mandados de captura foram emitidos um dia depois da publicação de um relatório oficial que considerou o caso "crime de Estado".

Nas ruas, os mexicanos exigem que se faça justiça. Marcelino Rodarte, professor, diz que o povo se uniu perante estas detenções e afirma que "é necessária justiça" e é preciso "que a impunidade deixe de existir". 

A mesma opinião tem Thelma Rodriguez, que diz querer "justiça e que a lei se aplique", mesmo a um antigo procurador, se Murillo for acusado dos crimes. 

Na sexta-feira à noite, o antigo procurador-geral Jesus Murillo Karam foi detido em casa por "desaparecimento forçado, tortura e ofensas contra a administração da justiça", de acordo com um comunicado do Ministério Público, que anunciou, em seguida, a emissão de mandados de captura para 64 agentes policiais e militares procurados por "crime organizado, desaparecimento forçado, tortura, homicídio e ofensas contra a administração da justiça".

O Ministério Público emitiu também mandados de captura para 14 membros do cartel de drogas Guerreros Unidos.

Em setembro de 2014, um grupo de estudantes da escola de formação de professores de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, no sul do país, tinha viajado para a cidade vizinha de Iguala, a partir da qual partiria com destino à Cidade do México para participar numa manifestação.

Os 43 jovens foram presos pela polícia local em conluio com Guerreros Unidos, alvejados e queimados num aterro sanitário por razões que permanecem pouco claras. Só foram identificados os restos mortais de três deles.

Na quinta-feira, um relatório oficial publicado pela Comissão da Verdade de Ayotzinapa, criada pelo Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, concluiu que os militares mexicanos tinham responsabilidade no crime.

Murillo Karam, que serviu sob o Presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018) e liderou uma controversa investigação inicial sobre os desaparecimentos, é um antigo "peso pesado" do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México durante 71 anos sem interrupção até 2000.

É a figura mais importante detida até agora nas investigações, que foram reiniciadas de raiz, depois da posse de López Obrador, em 2019.

"As suas ações, omissões ou participação permitiram o desaparecimento e execução dos estudantes, bem como o assassínio de seis outras pessoas", disse o subsecretário do Interior mexicano, Alejandro Encinas, durante a apresentação pública do relatório

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