A crise do carvão na Polónia

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A Polónia depende, ainda, bastante deste combustível fóssil e com as sanções contra a Rússia, o país sofre com a escassez

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Walbrzych. Uma cidade na Silésia, na Polónia, fortemente marcada pelo carvão - primeiro pela extração, depois pelo encerramento das minas, pelo desemprego, e depois, pela extração ilegal organizada por antigos mineiros.

Roman Janiszek, um mineiro reformado, explica que hoje em dia, em tempos de crise energética, o carvão tornou-se numa mercadoria valiosa.

"As pensões que a maioria das pessoas tem aqui, pessoas desse período, não são muito grandes. É difícil, quando o preço do carvão se situa entre os 424 e os 636 euros por tonelada, no armazém, mas é acessível obter cinco sacos, ou 10, e ao mesmo tempo ter dinheiro para sobreviver de mês a mês, pois é assim que se vive aqui", refere o antigo mineiro.

Por sacos, Janiszek refere-se a carvão extraído ilegalmente... Tal como há anos, algumas pessoas recomeçaram a escavar.

Janiszek conta que "há dúvidas se haverá [carvão] proveniente das minas ilegais. Será mais barato, com certeza. Talvez seja carvão extraído ilegalmente, e as autoridades da cidade estão a tentar liquidar estas minas ilegais."

O mercado polaco debate-se, no entanto, com outro problema, a escassez de carvão o que leva a população a queimar mais lenha para se poder aquecer.

O Governo polaco, liderado por Mateusz Morawiecki, apresentou um pacote de ajudas financeiras para aqueles que aquecem as suas casas com carvão.

O porta-voz do Executivo, Aleksander Brzozka, afirmou que "o Governo preparou um subsídio e o orçamento é de 11,5 mil milhões de zlótis, o equivalente a 2,5 mil milhões de euros. Trata-se de um apoio a todas as famílias na Polónia que utilizam o carvão como matéria-prima para o aquecimento das casas, e existe um subsídio único 636 euros."

No entanto, o especialista e energia, Rafal Zasun, acredita que o Governo deveria ser mais menos generoso: "O Estado deve apoiar as famílias desfavorecidas, mas o orçamento do Estado não tem dinheiro para apoiar todas as famílias."

A Polónia usa mais carvão para o aquecimento doméstico do que qualquer outro país na Europa. Apesar de produzir o próprio carvão, ainda importa bastante da Rússia. Estas importações foram interrompidas pela guerra na Ucrânia e pelas consequentes sanções contra Moscovo.

Zasun sublinha que o país precisa "de importar alguns milhões de toneladas de carvão de outros países que não a Rússia, devido ao embargo.

A Polónia introduziu o embargo do carvão russo mais cedo do que outros países europeus. Introduzimo-lo em abril. Outros países europeus introduziram-no em agosto, pelo que têm tempo para cumprir as reservas com o carvão russo, e a Polónia está numa situação de azar porque precisamos de um tipo de carvão mais especial, para as famílias, que já não é utilizado em países como a Grã-Bretanha, Alemanha. Provavelmente teremos uma grande escassez deste tipo de carvão."

Para este especialista, o pânico no seio da população é compreensível pois "as pessoas sabem que não há carvão. As pessoas veem o preço, e o preço deste carvão para as famílias está a subir em flecha." Rafal Zasun defende que o Governo polaco introduziu "o embargo ao carvão russo demasiado cedo. Se o tivéssemos introduzido em agosto, como o resto da União Europeia, poderíamos aumentar as reservas de carvão. Aumentámos agora a importação de carvão, mas este carvão proveniente da Colômbia, da Indonésia, da África do Sul não pode ser... Não pode substituir a 100% o carvão russo porque o carvão russo, durante anos, dedicou-se às necessidades das famílias polacas", diz.

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