Barricadas sérvias regressam ao norte do Kosovo e provocam troca de acusações

Camiões bloqueia estrada perto de Rudare, no norte do Kosovo
Camiões bloqueia estrada perto de Rudare, no norte do Kosovo Direitos de autor AP Photo/Bojan Slavkovic
De  Francisco Marques
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Governo kosovar adia sufrágios em municípios de predominância sérvia e o primeiro-ministro Albin Kurti dirige fortes acusações a Aleksandar Vučić

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As barricadas regressaram ao Kosovo, na fronteira com a Sérvia, provocaram o adiamento de eleições locais em municípios de maioria sérvia kosovar, previstas para o próximo domingo, e ainda alegações em Belgrado de perseguição étnica naquela antiga província jugoslava de soberania contestada.

De acordo com a France Press, os bloqueios de estradas foram organizados pela minoria sérvia no Kosovo após a prisão de um ex-agente da polícia de etnia sérvia, suspeito de envolvimento em ataques à polícia do Kosovo na semana passada.

Centenas de sérvios-kosovares cortaram dois importantes pontos de passagem da fronteira com recurso a camiões, ambulâncias e tratores agrícolas para bloquear a circulação. O objetivo, adianta a AFP, seria o de impedir a transferência para Pristina do antigo agente agora detido.

O ministro do Interior do Kosovo, Xhelal Svecla, explicou que o detido é um de dois suspeitos detidos na sequência de ataques a patrulhas policias entre quinta e sexta-feira. Pelo menos um agente de autoridade kosovar ter ficado feridos nesses ataques.

Numa tentativa para baixar a tensão na região, o governo do Kosovo decidiu adiar as eleições previstas para os próximos dias 18 e 25 de dezembro em alguns municípios de predominância étnica sérvia.

A presidente do Kosovo, Vjosa Osmani, anunciou 23 de abril como a nova data para a eleições de novos executivos em quatro municípios e das assembleias em dois.

Do outro lado da fronteira, na Sérvia, onde a independência do Kosovo proclamada em 2008 não é reconhecida, o Presidente Aleksandar Vučić alega a existência perseguição étnica e disse ter pedido à KFOR, a força especial da NATO para aquela antiga região jugoslava, a mobilização de soldados para proteger os cidadãos de etnia sérvia no Kosovo, no âmbito da Resolução 1244 das Nações Unidas.

Vučić falou ainda de um iminente pedido do Kosovo para aderir à União Europeia e disse ter enviado cartas aos líderes de cinco países que, tal como a Sérvia, e ao contrário de 101 membros da ONU, ainda não reconheceram a independência do Kosovo.

"Agradeci a todos pelo apoio à Sérvia na preservação da sua integridade territorial", revelou o presidente sérvio, tido nos últimos meses como estando mais próximo do Kremlin que de Bruxelas.

Pelo Facebook, o primeiro-ministro kosovar acusou a Sérvia de ser "autocrática, pró-asiática e belicista" e de estar "a ameaçar o Kosovo com agressividade há vários dias".

"O Kosovo é um estado europeu, democrático e pró-americano. Com essa liderança que tem, a Sérvia é autocrática, pró-asiática e militante. Não queremos conflito, queremos paz e progresso, mas vamos responder à agressão com todo o poder que temos", avisou Albin Kurti, que acusa ainda Aleksandar Vučić de querer regressar aos tempos do antigo Presidente da Sérvia Slobodan Milošević, marcados sobretudo pelo chamado massacre de Srebrenica.

Kurti alega que Vučić pretende evitar a aproximação do Kosovo à União Europeia através da reabertura do processo no Conselho de segurança da ONU, onde a Sérvia, diz o chefe do executivo kosovar, poder contar com os vetos de China e da Rússia.

Outras fontes • France Press, Kosova, Lusa

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