As primeiras palavras do chefe da estação após a colisão de comboios na Grécia

Gritos de revolta em Atenas devido à tragédia ferroviria de Larissa
Gritos de revolta em Atenas devido à tragédia ferroviria de Larissa Direitos de autor Yorgos Karahalis/AP Photo
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De  Francisco Marques
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O primeiro interrogatório ao chefe da estação de Larissa, de onde saiu na linha errada o comboio de passageiros que viria a colidir com um de mercadorias, revelou o caos vivido naqueles momentos fatídicos

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Foram reveladas as primeiras palavras do chefe da estação de Larissa, na Grécia, horas após a trágica colisão de comboios que fez 57 mortos, a 1 de março, no centro da Grécia.

O responsável de turno estava na função há poucos meses e tinha sido deixado sozinho no comando das operações por dois outros colegas, que saíram mais cedo que o previsto do trabalho.

Nesse primeiro interrogatório, revelado este domingo pelo jornal grego PatrisNews, o responsável ferroviário de 59 anos esteve acompanhado de dois advogados, admitiu ter sido negligente, mas também tentou repartir as responsabilidades com o maquinista do comboio de passageiros que viria a colidir com o de mercadorias cerca de 30 quilómetros a norte.

O chefe da estação admitiu não ter fornecido o maquinista com uma informação escrita sobre a "linha ascendente" em que este iria seguir viagem nem o alertou que estaria a circular numa linha de via dupla.

Assentiu que as informações verbais transmitidas ao maquinista "provavelmente " podem ter contribuído para o acidente, mas nesta resposta afirmou também que, "se o maquinista o tivesse informado que tinha entrado na linha descendente", lhe teria dito que "estava na linha errada".

"Como o maquinista está na frente do comboio tem visibilidade e podia ter percebido que a chave no estava na linha principal e que ele estava a entrar na diagonal na linha descendente", disse o chefe da estação de Larissa aos dois polícias que o interrogaram, reiterando a negligência de não ter dado o formulário escrito com a informação precisa da linha em que o comboio de passageiros deveria seguir.

Sobre o manuseamento das chaves das linhas que definem por onde os comboios seguem quando saem da estação, o responsável ferroviário disse ter manuseado tudo devidamente e que os sinais luminosos no painel lhe indicaram que estava tudo bem "trancado" eletronicamente.

O chefe da estação garantiu às autoridades que estava em boas condições, tinha descansado bem e tinha ficado descansado após verificar os dois primeiros sinais luminosos, que normalmente o liberam de ter de verificar o terceiro passo de confirmação.

Mais dois sob investigação

A investigação prossegue e as autoridades terão mais dos suspeitos no quadro. De acordo com o PatrisNews, tratam-se de dos altos funcionários da Organização de Caminhos de Ferro Helénica (OSE, na sigla original), superiores hierárquicos do chefe da estação de Larissa e responsáveis pela escala de turnos.

O chefe da estação e os dois supervisores que se ausentaram mais cedo do trabalho estão a ser acusados de perturbação da segurança ferroviária, homicídio involuntário de primeiro grau e homicídio involuntário de segundo grau.

Protestos pelo país

Cerca de 20 mil pessoas voltaram a manifestar-se este domingo na capital da Grécia, pressionando o governo para levar à justiça os responsáveis pela trágica colisão de comboios e a exigir a tomada de medidas de segurança para que algo assim não volte a acontecer.

A revolta, que se fez ouvir também noutras cidades gregas, concentrou-se na praça Syntagma, diante do Parlamento helénico, onde se lia em vários cartazes: “Não esqueceremos, não perdoaremos, seremos a voz de todos os mortos”.

Dimitra Papanikolaou, que participiu na manifestação de Atenas deste domingo, fala de "uma linha férrea da morte". "Eles sabiam disso e não fizeram nada. Não tomaram quaisquer medidas e enviaram 57 pessoas para a morte", lamentou.

A colisão de comboios na noite de 28 de fevereiro, a norte de Larissa, no centro da Gécia,  matou 57 pessoas e fez mais de 80 feridos. O caso provocou a revolta popular e colocou o governo sob pressão devido à forma como os caminhos de ferro têm sido geridos no país.

Outras fontes • Kathimerini, PatrisNews, AFP

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