Don Giovanni impenitente no palco da Ópera de Montecarlo

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De  Nelson Pereira
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Um elenco de estrelas para a ópera de Mozart que mais sublinha o maior drama do artista: a impossibilidade de atingir a perfeição

A edição desta semana de Musica! traz-lhe, da Ópera de Montecarlo, a obra “Don Giovanni” de Mozart.

Um elenco de estrelas para a ópera de Wolfgang Amadeus Mozart que mais sublinha o maior drama do artista: a impossibilidade de atingir a perfeição, os tormentos da insatisfação, os sofrimentos do desejo. Os cenários foram buscar inspiração aos quadros do pintor italiano Giorgio de Chirico, fundador da scuola metafisica.

Intitulada em italiano Il dissoluto punito, ossia il Don Giovanni esta ópera em dois atos, com música do compositor austríaco e libreto do autor italiano Lorenzo Da Ponte, é o mais recente sucesso na Ópera de Montecarlo.

“Don Giovanni” é um dramma giocoso que descreve as penas do desejo e a agonia da insatisfação através dos feitos do sedutor impenitente, o libertino que se condena à solidão.

Arrebatados pelos personagensOs autênticos amantes da música não poderiam perder uma produção com um elenco de excelência como este, a começar por Erwin Schrott, que canta Don Giovanni.

Para o baixo-barítono uruguaio, o personagem que interpreta “é um homem que, basicamente, tenta o impossível, que é o que todos nós procuramos: a consciência, a razão, a segurança. Mesmo que nenhum de nós … Na verdade, a dúvida é a essência da nossa vida”.

A personagem de Dona Elvira é interpretada pela soprano búlgara Sonya Yoncheva, que tem tido uma ascenção fulgurante, conquistando o público, de triunfo em triunfo.

A Dona Elvira a que Sonya Yoncheva dá vida em Montecarlo, é uma mulher com um perfil rico e versátil.

“Creio que Elvira é atraída por Don Giovanni também porque ele é um patife. Eu imaginei uma Donna Elvira apaixonada, cativante, um pouco infantil mas também muito feminina, uma mulher que descobre o mundo do amor e da sensualidade …infelizmente com um monstro! Agrada-me a ideia de que a sua ingenuidade e pureza possam ter inspirado sentrimentos humanos no ‘monstro’ Don Giovanni”, disse Yoncheva à euronews.

Nascida en Casole d’Elsa, Siena, a soprano italiana Patrizia Ciofi confessou-nos também que a personagem que interpreta, Donna Anna, lhe permitiu descobrir um olhar novo sobre aquilo que é essencial na vida.

“Através dela aprendi a olhar para os sentimentos, a olhar dentro de mim, a distiguir entre um amor autêntico e algo que não é amor. Tenho aprendido, como acontece com todas as minhas interpretações, a viver mais plenamente”, sublinhou.

Uma experiência que não é partilhada por Erwin Schrott, que não se identifica em nada com o personagem de Don Giovanni.

Para o barítono, existe um estereótipo do homem latino que faz com que haja quem o confunda com o personagem, o que pode ofuscar uma perceção correta deste Don Giovanni.

A provar, porém, que toda a criação artística insiste sempre em conquistar vida própria, o crítico Christophe Rizoud contraria o artista para defender precisamente que esta sobreposição é evidente, garantindo que o Don Giovanni da Ópera de Montecarlo é Erwin Schrott

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