A ópera de Verdi no Grande Teatro do Liceu em Barcelona

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Não é a primeira vez que Piotr Beczała canta o trágico destino de Riccardo / Gustavo em Un Ballo in Maschera – “Um Baile de Máscaras” – de Verdi.

Não é a primeira vez que Piotr Beczała canta o trágico destino de Riccardo / Gustavo em Un Ballo in Maschera – “Um Baile de Máscaras” – de Verdi. Já brilhou neste papel, recentemente, quer em Viena quer em Munique. Mas para o tenor polaco “é um prazer cantar esta música, porque Verdi escreveu a partitura do personagem Riccardo de forma incrivelmente interessante.”

“Passamos de momentos completamente elegíacos a momentos quase lúdicos”, sublinha Beczała.

Uma obra pioneira e virtuosa

É isto que explica o sucesso de “Um Baile de Máscaras.” Desde a primeira produção em Roma a 17 de fevereiro de 1850 marcou a história do Teatro Apollo. No entanto, Giuseppe Verdi entrou em terreno desconhecido quando decidiu utilizar a comédia para valorizar a tragédia. O contraste entre a leveza que ouvimos e o drama que coloca à frente dos nossos olhos torna mais arrepiante o terrível destino das personagens. Isto reflete-se na tragédia em três atos, uma obra considerada “pioneira e virtuosa.”

Um argumento clássico

O argumento é bastante comum: Riccardo, governador de Boston, está secretamente apaixonado por Amélia, casada com o seu tenente mais fiel, Renato.

Mascarado, faz uma visita à cabana da vidente Ulrica. O governador quer encontrar uma cura para o amor proibido. Descobre então que os sentimentos que alimenta por Amélia são recíprocos.

Ulrica prevê a morte iminente de Riccardo. O assassino será o primeiro homem que lhe aperte a mão. Todos respiram de alívio ao saber que esse homem será Renato. Afinal de contas, como poderia morrer nas mãos do melhor amigo, quando já se sabe que está ameaçado por um grupo de insurgentes?

Mas quando Renato surpreende a esposa na companhia do governador decide unir-se à rebelião. É durante um baile de máscaras que dispara contra Riccardo. Antes de morrer, o governador tem tempo de assegurar a Renato que Amélia é inocente e pede a todos que não o vinguem.

Uma obra de contradições

“Para mim a cena mais bonita é a de Ulrica, na qual Riccardo se ri da profecia da feiticeira”, assegura Piotr Beczała. E prossegue: “A genialidade de Verdi está na forma como escreveu essa parte, fazendo alternar um momento ligeiro e divertido com algo sério. Para mim é um dos mais belos momentos na ópera e também um dos maiores desafios para um tenor.”

O diretor de cena, o francês Vincent Boussard realiza uma versão reelaborada da produção que ofereceu pela primeira vez há três anos em Toulouse. Existem várias leituras: “Não se trata apenas do baile no fim do último ato. A vida é um baile permanente no qual avançamos mascarados. Esse é o sentido desta obra. A mesma obra que é um oximoro. Sob a leveza encontramos o peso de um destino aterrador, sob o baile, sob a máscara do baile, encontramos uma solidão abismal. Há sempre algo que representa precisamente o oposto. A máscara é usada para falar da verdade.”

Piotr Beczała aplaude o trabalho de Vincent Boussard: “O que estamos a fazer no Grande Teatro do Liceu é intemporal. É muito positivo que o conceito da pessoa que está na direção não oculte a estória. Também é uma mistura maravilhosa de uma perceção moderna da ópera e de uma arte verdadeiramente clássica de contar.”

A censura e o politicamente correcto

A estória contada por Verdi ocorre num baile de máscaras. No entanto, a trama não era sobre um governador de Boston do século XVIII. O texto de Antonio Somma, baseado na obra do dramaturgo francês Eugène Scribe fala sobre o assassinato político do rei da Suécia Gustavo III, em março de 1792. O assassinato deste monarca às mãos de um defensor do absolutismo marcou a época.

Somma adicionou uma trama amorosa menos casta do que a versão final. Não contava com a censura implacável de Itália, que pretendia ajudar a conseguir a estabilidade na Europa.

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