Poucas mulheres e Polanski: as críticas que abrem o Festival de Veneza

Poucas mulheres e Polanski: as críticas que abrem o Festival de Veneza
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De  João Paulo Godinho
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76ª edição do festival de cinema está a a ser atacada pela falta de representação feminina entre os filmes a concurso e pelo convite a Roman Polanski.

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A passadeira vermelha do Festival de Veneza aguarda a chegada das estrelas do cinema. No entanto, enquanto atores e realizadores não chegam, são as críticas ao certame que estão em destaque.

Num tempo marcado pelo movimento #MeToo, o mais antigo festival de cinema do mundo está a ser visado publicamente pela escassa representação feminina na competição principal, com apenas duas das 21 obras nomeadas a serem assinadas por mulheres, e pelo convite a Roman Polanski.

O realizador franco-polaco, foragido da justiça dos Estados Unidos desde 1978 pela alegada violação de uma menor, entra a concurso com o filme "J'accuse", um dos 21 filme na corrida para o sempre cobiçado Leão de Ouro.

Contudo, o diretor do evento, Alberto Barbera, recusa pronunciar-se sobre as questões judiciais que acompanham a carreira de Polanski há quatro décadas. "Não sou juiz. Não estou em posição de decidir se é certo ou errado prender Polanski. Sou crítico de cinema e a única maneira de lidar com esse tipo de situação é tentar entender se o filme é bom o suficiente para ser convidado para um festival", afirmou.

Alberto Barbera reagiu também às críticas sobre a falta de inclusão de mulheres cineastas entre os nomeados da competição principal. Para o diretor do evento, tudo se resume à qualidade das obras submetidas por realizadoras este ano.

"Este ano recebemos cerca de 2 mil inscrições e 23% das inscrições foram feitas por mulheres. Temos no festival, na nossa programação, 25% dos filmes produzidos ou assinados por mulheres. Essa é a média da produção de filmes hoje. É verdade, temos apenas dois filmes na competição principal. É uma questão de… como posso dizer? A qualidade do filme em si. O único critério que usamos para selecionar um filme é a qualidade".

A competição principal do festival conta este ano com um representante de Portugal, algo que não sucedia desde 2005. O filme "A Herdade", de Tiago Guedes, compete ao lado de obras de outros realizadores premiados, como o norte-americano Steven Soderbergh, o francês Olivier Assayas ou o chileno Pablo Larrain.

Hollywood vai estar em peso em Veneza, mas o festival mantém o caráter internacional, no entender do responsável pelo certame: "É verdade, temos muitos grandes nomes, grandes talentos, grandes estrelas, especialmente do cinema americano, mas não só."

Durante o festival, a atriz norte-americana Julie Andrews e o realizador espanhol Pedro Almodovar vão receber Leões de Ouro em homenagem pelas respetivas carreiras no cinema.

Em competição em Veneza na secção "Orizzonti", destinada a novos cineastas, está também uma curta-metragem de Leonor Teles, intitulada “Cães que ladram aos pássaros”. O filme “acompanha os dias de verão de Vicente e da sua família, obrigados a sair da sua casa no centro do Porto, por força da especulação imobiliária”, refere a produtora.

Em Veneza, numa secção dedicada a clássicos do cinema, será ainda exibida uma versão restaurada de “Francisca” (1981), de Manoel de Oliveira. As obras exibidas na secção “Venice Classics” competem pelos prémios de Melhor Filme Restaurado e Melhor Documentário sobre Cinema.

Outra protagonista em Veneza será a realizadora argentina Lucrecia Martel, a quem cabe o papel de presidente do júri. A 76ª edição do festival arranca esta quarta-feira e termina a 07 de setembro.

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