Apoiantes dos direitos das mulheres bloquearam na terça-feira à noite em Paris uma das ante-estreias do mais recente filme do realizador franco-polaco Roman Polanski.
As manifestantes empunharam cartazes e acusaram o realizador de violação e abusos contra as mulheres.
O realizador encontra-se em fuga das autoridades norte-americanas depois de ter sido acusado de violação de uma menor em 1977.
"É gravíssimo porque é como se ele cuspisse sobre todas as vítimas que ousaram falar, também é desprezar todas as outras vítimas de violação. É inaceitável que um homem possa continuar a expressar-se, a fazer filmes como este que retratam histórias grandiosas e que as pessoas gastem dinheiro para vir ver", afirma Noa, uma manifestante.
Desta vez, os defensores de Polanski na indústria cinematográfica mantiveram o silêncio.
No entanto, em outras salas de cinema a ante-estreia decorreu como previsto.
No exterior da sala de cinema, nem todos reconhecem o direito das manifestantes a interromperem a ante-estreia.
"Considerar o público como cúmplice dos atos de Paolanski e impedi-lo de regressar ao cinema, trata-se de uma mistura muito mal conseguida na minha opinião", reclama Marguerite Bertoni.
"Penso que Polanski deve enfrentar a justiça se se provar que efetivamente cometeu esses atos, não deve ser perdoado, mas se esse filme existe, não há razão para não o ver", afirma Jean-Pierre Gattegno, um outro espetador.
Ausente da ribalta está o próprio realizador.
Uma das últimas aparições públicas de Polanski teve lugar em 2017 na cinemateca de Paris onde foi alvo de uma ação do grupo feminista FEMEN.
Na semana passada, a atriz e fotógrafa francesa, Valentine Monnier, veio a público para acusar Polanski de violação o que acabou por levar ao cancelamento das ações de promoção do filme.
"J'accuse", no título original, recebeu o Grande Prémio do Jurí na mais recente edição do festival de cinema de Veneza.