Intitulado "Génesis", o conjunto de fotografias do fotógrafo brasileiro mostra, ao mesmo tempo, a beleza da natureza e a destruição de que ela está a ser alvo, devido às atividades humanas.
O trabalho fotográfico de Sebastião Salgado está em exposição na cidade francesa de Lyon.
Intitulado "Génesis", o conjunto de fotografias do fotógrafo brasileiro mostra, ao mesmo tempo, a beleza da natureza e a destruição de que ela está a ser alvo, devido às atividades humanas.
As mais de duzentas fotografias a preto e preto são o resultado de oito anos de trabalho e trinta viagens pelo mundo. "Na exposição Génesis, vemos a terra, os animais ligados à terra e o homem. Terminei há pouco tempo um trabalho de sete anos na Amazónia, com comunidades indígenas. O homem é um animal da terra, um animal como os outros, fazemos parte do reino animal", disse à euronews Sebastião Salgado.
A arte da fotografia a preto e branco
A exposição mostra uma série de reportagens iniciada em 2004. Todas as fotografias são a preto e branco. "Depois de uma série fotográfica que eu fiz no Brasil em 1986, e que foi publicada em 1987, sobre uma mina de ouro, todas as revistas recomeçaram a publicar fotos a preto e branco. As fotografias eram impressionantes e foram publicadas em imensas revistas, o que acabou por dar-me imensa visibilidade. Nessa altura deu-se o regresso do preto e banco. E eu agradeço, porque acabei por dedicar-me às imagens a preto e branco e nunca mais regressei à cor", contou o fotógrafo.
"É preciso regressar à terra"
Além dos animais, das aves e das plantas, Sebastião Salgado procura retratar as comunidades humanas que ainda continuam a viver segundo culturas e tradições antigas. Para o fotógrafo brasileiro, a humanidade deve voltar a ligar-se à terra.
"É preciso regressar à terra, regressar ao nosso planeta. Sei que não voltaremos a viver em cavernas nem em florestas, mas é preciso, pelo menos, um regresso espiritual ao planeta. A ecologia tornou-se um discurso puramente urbano. Na COP 21 em Paris há cinco anos houve várias propostas, nada foi feito. Sabe porquê? Porque não convidamos os camponeses, as pessoas que estão ligadas à terra e ao planeta. É uma reunião de pessoas urbanas", sublinhou o artista brasileiro.
Fotógrafo plantou 2,7 milhões de árvores
Ao lado da mulher, a arquiteta Lélia Wanick Salgado, o fotógrafo brasileiro lançou há vinte anos, um projeto colossal: replantar milhões de árvores na fazenda da família que tinha ficado completamente destruída devido à agricultura intensiva e à deflorestação.
"Plantámos dois milhões e meio de árvores, até um pouco mais, dois milhões e setecentos mil árvores. Vamos agora plantar mais um milhão. Tínhamos uma terra cansada, morta e, hoje, voltámos a ter uma terra rica. É a altura certa para plantar árvores que vão ficar na terra, 500 ou mil anos e que precisam de uma terra de qualidade e de sombra para poderem crescer", afirmou Sebastião Salgado.