O investigador Pablo Servigne conta, em entrevista à Euronews, como uma visão catastrofista do planeta pode ser compatível com a mudança do mundo.
No Festival de Cinema e Fórum Internacional de Direitos Humanos (FIFDH), em Genebra, falar do ambiente também é uma questão de direitos da humanidade.
Pablo Servigne foi o convidado principal do debate sobre emergência climática e cidadania. O investigador é o criador da colapsologia, uma visão de que o mundo está em colapso por já não ter biocapacidade para regenerar os recursos gastos pela civilização industrial.
"O clima é um parâmetro importante, há colapsos na bioversidade, nas populações animais, no ecossistema ... e depois há todas as tensões geopolíticas, a questão dos recursos, do petróleo, da energia nuclear das finanças extremamente frágeis. Hoje vemos isso com o coronavírus, que é um fenómeno pontual, mas que faz uma radiografia da nossa fragilidade, da vulnerabilidade do nosso mundo, este mundo moderno e interligado com fluxos tensos e uma economia paradoxalmente poderosa e frágil", afirma o investigador, em entrevista à Euronews,
O filme "Aquarela", onde é explorado o impacto do aquecimento global no meio ambiente, não pôde ser exibido por causa da epidemia de coronavírus, mas a organização manteve o debate sobre o tema.
De acordo com Pablo Servigne, "o que estamos a descobrir hoje-em-dia é que se pode ser catastrofista, ou seja, podemos pensar, sentir o fim do mundo ou o fim de um mundo, e voltarmo-nos para a ação, para o desejo de mais democracia e mais justiça social. Há escalas diferentes: a escala individual, a escala municipal; pequenas escalas são fundamentais. Se não temos esse poder de base, não temos nada. Mas se também não há legitimidade, apoio, financiamento ou mesmo uma força política de topo, nada acontece. É preciso convergir os dois"
De portas fechadas, o festival mantém-se aberto ao público, através da internet, onde todos debates estão disponíveis na íntegra.