Na Galeria Saatchi de Londres, o público pode contemplar um conjunto de retratos de artistas das mais variadas áreas.
Redefinir visões e perspetivas. É a ambição da exposição "Nova vanguarda negra: a fotografia entre arte e moda".
O público pode contemplar um conjunto de retratos de artistas das mais variadas áreas. "A exposição apresenta imagens contemporâneas de designers negros que trabalham em vários sítios, de Los Angeles, a Londres, passando por Lagos e Nova Iorque. Os criadores de imagens oferecem-nos a sua própria perspetiva e estética. A história e a cultura mudaram. Penso que estes fazedores de imagens estão no centro dessa mudança", sublinhou Antwaun Sargent, curador do evento.
Suscitar alegria e combater narrativas
A fotógrafa e realizadora londrina Mahaneela retratou um DJ sul-africano, nascido no seio de uma família originária do Gana e da India. "A imagem chama-se 'In Ochre'. Espero que transmita um sentimento de alegria e felicidade. Retrato pessoas de peles negras e castanhas, usando cores como amarelo, laranja e castanho, passando por todo o espetro do Ocre. Crio as minhas imagens para suscitar alegria e combater todas as outras narrativas relacionadas com as pessoas dessas comunidades", explicou a artista.
"Na minha ideia, ser negro neste país cingia-se à história da escravatura"
O artista britânico Campbell Addy concebeu o retrato de Ignatius Sancho, um homem que nasceu num navio de escravos no Atlântico, nos anos 1700, e que acabou por viver na Grã-Bretanha.
"Foi o primeiro homem a poder votar e a possuir propriedade em Inglaterra. Fez parte de um grupo de poetas e criadores e era proprietário de uma loja. Na minha ideia, ser negro neste país cingia-se à história da escravatura, mas, ao mesmo tempo, este homem fez tudo o que fez. Por isso, quis criar uma imagem que representasse tudo o que isso me fez sentir. A porta representa Downing Street, o que, por seu turno evoca a política, o sistema. A máscara representa a forma como nos sentimos. Sentimo-nos invisíveis", explicou Campbell Addy.
Questionar as nações de raça, género e poder
No total, o público pode contemplar o trabalho de quinze fotógrafos internacionais. Os organizadores esperam que a exposição suscite conversas e debates em torno das noções de raça, beleza, género e poder. "É extremamente importante mostrar estas imagens que celebram a identidade negra e que nos dão uma ideia do que é ser negro a nível mundial. Por outro lado, a exposição é uma plataforma para fotógrafos britânicos", afirmou Laura Uccello, diretora de parcerias da Galeria Saatchi, em Londres.
A exposição pode ser visitada na Galeria Saatchi, em Londres até ao dia 22 de Janeiro.