Surma em concerto no formato trio na Culturgest, em Lisboa, a 19 de dezembro
Surma em concerto no formato trio na Culturgest, em Lisboa, a 19 de dezembro Direitos de autor Vera Marmelo
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O sonho de inclusão de Surma, do "bullying" à pandemia rumo à conquista do mundo

De  Francisco Marques
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Artista portuguesa Surma acaba de lançar o segundo disco, "Alla", os concertos já começaram e em março voa para os Estados Unidos já com uma escala no centro da Europa

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A artista em ascensão Surma está de regresso aos discos cinco anos após a aclamada estreia com "Antwerpen". O novo álbum chama-se "Alla", uma palavra sueca que significa "todo" e que sublinha a intenção de este ser um registo de inclusão, para todos.

“Alla” foi concebido durante os confinamentos da Covid-19, mas nem esse período de grande dificuldade para o mundo da cultura travou Surma.

"Continuou [tudo] a correr bastante bem porque sempre tive muito trabalho, mesmo na pandemia, mas em relação aos meus colegas foram mesmo tempos horríveis. O Orçamento do Estado em Portugal, como sabem, não é de todo agradável e acho que ainda temos um longo caminho a percorrer em relação a essa parte mais organizada da cultura", defendeu Débora Umbelino, o nome verdadeiro da artista conhecida como Surma.

Débora Umbelino contou-nos ter podido continuar a trabalhar após março de 2020 porque faz sonorizações para peças de teatro e cinema, entre outros trabalhos, e isso permitiu-lhe manter, não só a vida ativa, mas também uma fonte de rendimento.

"Muitos artistas tiveram de voltar para casa dos pais. Outros têm filhos", lamentou a artista, que tem finalmente disponível o segundo álbum de originais, uma obra para a qual convidou uma legião de amigos da música e alguns já consagrados no mercado português como Noiserv, Selma Uamusse ou o saxofonista Cabrita.

Papel de destaque têm agora João Hasselberg e Pedro Melo Alves, músicos que acompanham Surma neste novo espetáculo que transpõe "Alla" para os palcos e que já começou a ser mostrado ao vivo, com concertos no Teatro José Lúcio da silva, em Leiria, a 6 de dezembro, no Novo Ático, no Porto, a 11, na GrETUA, em Aveiro, a 16, e na Culturgest, em Lisboa, três dias depois.

O novo disco saiu em novembro, mas antes já andava a rodar por aí a pequena curta-metragem que ilustra o primeiro avanço, "Islet". O trabalho de Telmo Soares recebeu o prémio de "Melhor Vídeo de Música", no festival britânico Echonation.

O trabalho da produtora Casota Collective em "Islet" esteve ainda nomeado e chegou à meia final na corrida a um dos prémios da competição "World Film Festival - Remember the Future", em Cannes.

"Alla" é um disco de inclusão, onde Surma não partiu da premissa de ser uma voz ativa de alerta contra o bullying, de que sofreu quando era mais nova, mas agora espera poder ser também portadora de uma mensagem para ajudar quem enfrenta qualquer tipo de assédio ou discriminação.

"Acima de tudo, quero dar um bocadinho daquele cliché da 'luz ao fundo ao túnel' e não uma mensagem de pena, tipo 'Ah coitada, pasou por aquilo'. Não! De todo. Tanto que eu costumo agradecer aos 'bullies' por aquilo que sou hoje. Se não fossem eles, eu não tinha maturação suficiente para ver várias situações que a vida nos dá todos os dias e decidi dar um bocadinho dessa luz às pessoas que, infelizmente, ainda passam por isso. Não só o bullying, mas a homofobia e todos aqueles temas de que ainda se fala hoje em dia", explicou-nos Surma, uma reconhecida voz da comunidade LGBT em Portugal.

Vera Marmelo
Selma Uamusse em placo com Surma, na culturgeste, em LisboaVera Marmelo

Surma é uma multi-instrumentista capaz de brilhar a solo, rodeada de instrumentos e outras máquinas, mas tem preferência por atuações em formato de banda.

O novo espetáculo de promoção a "Alla" foi preparado em formato trio e, para lá dos concertos já realizados em Portugal, tem para já marcações além fronteiras. Em março, Surma volta ao South by Soputhwest, no Texas, onde há cinco anos foi descrita como uma mistura entre Alice Coltrane, St Vincent, e Bjork.

O plano de Surma para 2023 é meter-se numa carrinha com a banda e levar “Alla” pela Europa, com escalas desejadas também em França e Alemanha, ainda pelos Estados Unidos, onde há poucos dias esteve em destaque na programação do SAMA (Seattle Sacred Music & Arts), com uma pequena entrevista ao lado de Selma Uamusse e Mike Stellar, seguido de um pequeno concerto a solo.

O novo disco de Surma pode ser escutado através da plataforma Spotify. Uma versão em vinil pode ser adquirida através do Bandcamp da artista portuguesa.

Editor de vídeo • Francisco Marques

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