O universo fascinante das vozes operáticas masculinas: o barítono, o baixo-barítono e o baixo

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O barítono, o baixo-barítono e o baixo são as vozes típicas dos papéis de vilões na Ópera.

Vamos explorar o universo da vozes masculinas mais graves com a ajuda de três lendas da ópera.

O barítono, o baixo-barítono e o baixo são as vozes típicas dos papéis de vilões, de reis e dos pais na ópera. 

O barítono é o tipo de voz masculina mais comum. Uma voz quente e versátil, teatral e poderosa que dá uma dimensão dramática às obras.

"Na ópera romântica, o barítono é a personagem que, normalmente, enfrenta o mal, a catástrofe ou a tragédia. Mesmo que ele não tenha causado a tragédia, ele favorece-a e tudo acaba muito mal. Geralmente, são personagens bastante sombrias e torturadas. É muito interessante criar essas personagens em palco", disse à euronews o barítono francês Ludovic Tézier.

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O barítono francês Ludovic Téziereuronews

O duplo maléfico do tenor

O compositor italiano Giuseppe Verdi era um grande admirador da voz do barítono, que lhe permitiu criar personagens inesquecíveis.

"Para os compositores, o barítono é por vezes um duplo maléfico do tenor. O barítono está associado a qualidades teatrais como heroísmo e valentia. São personagens orgulhosas que querem defender a sua honra e, muitas vezes, confrontar o tenor", frisou Jules Cavalié, editor da L'Avant-Scène Opéra.

Ludovic Tézier dá aulas na Academia da Ópera de Paris e falou-nos sobre a interpretação dos papéis escritos para barítono.

"Trabalho muito ao nível do texto, da dicção e do significado das palavras, porque essa é a função do barítono. Uma grande soprano ou um grande tenor deve, por vezes, alterar um pouco as vogais para produzir esse alcance vertiginoso. O barítono tem outros recursos, outras qualidades. É um grande qualidade poder dizer um texto de forma muito clara", disse Ludovic Tézier.

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O baixo-barítono Bryn Terfeleuronews

Os atributos particulares do baixo-barítono

Na ópera "Tosca" de Puccini, o vilão, Scarpia, um poderoso chefe da polícia, nutre um desejo desperado por Tosca.

"Um baixo-barítono é um barítono que possui uma cor sombria. É-lhe frequentemente atribuído o papel de vilão. Scarpia é o arquétipo do barítono baixo-barítono porque tem essa escuridão. É lascivo. É a personagem que encarna o mal", contou Jules Cavalié.

Scarpia é um dos grandes papéis da estrela da ópera Bryn Terfel.

"Há certos papéis pelos quais esperamos ansiosamente. Quando Tosca está na minha agenda, fico muito entusiasmado. Quando essa obra nos é apresentada, vivemos emoções incríveis", disse o baixo-barítono do País de Gales.

É uma das partes mais perigosas em termos vocais. É preciso estar presente. Pode não parecer que corro dez quilómetros por dia, mas, nado muito, o que desenvolve a minha capacidade física. A mente diz-me que posso cantar uma frase muito longa num só fôlego", acrescentou Bryn Terfel.

"Os baixos barítonos são muitas vezes pessoas bastante grandes, corpulentas, com ombros poderosos, fortes ao nível do peito. Muitas vezes, eles têm uma cabeça grande e um pescoço grosso e grandes cordas vocais que dão à voz um poder tremendo, e que permitem também alcançar extremos", explicou Gary Cobarde, professor de canto do programa Jette Parker, da Royal Opera House.

A  voz humana mais grave e profunda

O baixo é o tipo de voz humana mais grave e profunda. O lendário baixo italiano Ferruccio Furlanetto sobe ao palco há quase cinco décadas e veste a pele de personagens complexas.

"A voz de um baixo é privilegiada porque os principais papéis do baixo não são apenas vocais. Também é preciso ser intérprete. Aprendemos a viver as personagens na nossa pele. Quando a personagem sofre, é preciso sofrer. Isso tem de vir do coração, de forma honesta“, disse à euronews Ferrucio Furlanetto.

"Temos tendência a associar vozes profundas e maturidade. Esses tons profundos, nas catacumbas da sonoridade, são muito tranquilizadores. Quando estamos num teatro de ópera, sentimos que esse som nos envolve e nos acaricia", afirmou explicou Gary Cobarde.

"As vozes mais graves dão cor. Evocam o veludo, um bom vinho de Bordéus, com muito tanino. As vozes dos tenores e dos sopranos virtuosos são estrelas que brilham no céu noturno. Mas não podem brilhar se não houver um profundo céu azul atrás delas. A magia vem desse encontro", resumiu Jules Cavalié.

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