Torre Guaceto, a área protegida que serve de exemplo

Em parceria com The European Commission
Torre Guaceto, a área protegida que serve de exemplo
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De  Denis Loctier
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Em menos de vinte anos, a zona costeira italiana passou de um local de pesca com dinamite a uma reserva natural com pesca sustentável

Torre Guaceto, um litoral de 8 km de extensão perto da cidade de Carovigno, na costa adriática, é uma área protegida: regras rígidas estão em vigor para que o turismo e a pesca não prejudiquem a natureza.

“Antes da reserva ser estabelecida, toda esta área estava repleta de pesca com dinamite, contrabando de cigarros e imigrantes ilegais. Hoje, graças à área protegida, tudo o que podemos ver aqui é o mar intocado.”, contou Cosimo De Biasi, pescador local.

Em 2001, a área baniu toda a pesca durante cinco anos para reconstruir os estoques que estavam a desaparecer. Hoje, apenas cinco locais podem pescar aqui, apenas num dia por semana, usando redes que não conseguem captar peixes pequenos. Os pescadores dizem aceitar bem essas regras.

“Quando apanhámos um peixe grande e o levamos para terra, não podemos vendê-lo por cinco euros, mas sim por vinte e vinte e cinco euros.”, admite Cosimo De Biasi.

A área protegida é gerenciada por um consórcio que representa as comunidades locais e a WWF. Aplica as regras que foram acordadas com os pescadores. Isso inclui o monitorização da captura - em média, cerca de 20 quilos por pesca - para garantir que os esforços de proteção sejam eficazes.

“Fora da área protegida, os níveis de peixe permanecem basicamente os mesmos que existiam no passado. E dentro dessa área, os estoques de peixe praticamente dobraram.”, diz Francesco de Franco, chefe da unidade técnica e ambiental do consórcio de gestão de Torre Guaceto.

E não é apenas o mar que está a ser protegido. As dunas e as zonas húmidas pela costa são um precioso ponto de paragem para aves migratórias e lar permanente para muitas espécies locais.

A área de Torre Guaceto, batizada com o nome da torre de vigilância centenária, é patrulhada dia e noite pela guarda costeira e pela polícia. As autoridades dizem que a maioria dos perigos hoje vem de visitantes descuidados que podem colher plantas ou danificar os corais perto da costa.

Os turistas que respeitam a natureza são muito bem vindos.

No passado, estas praias estavam cheias e superlotadas. Limpar a área, introduzir visitas guiadas e limitar o acesso de carros fez uma grande diferença: agora, num dia de verão, Torre Guaceto é visitada por 5 a 6 mil eco-turistas.

“Isto aqui costumava ser uma confusão, com carros estacionados em todo o lado. Agora, todos os carros têm que ser deixados no estacionamento no topo da estrada - É muito mais agradável, mais apropriado.”, conta Mimmo Miccoli, turista que conhece bem o local.

O fluxo de turistas beneficia empresas que adotaram a tendência para a sustentabilidade - como o restaurante familiar Casale Ferrovia, em Carovigno, especializado em culinária orgânica local.

“Temos sempre peixe fresco, bom e saudável do mar, a nossa terra produz tomates locais...por isso, é muito importante para mim e para todos nós, da restauração, ter aqui esta reserva natural - É a nossa maravilha!”, diz Maria Lanzilotti, proprietária e chef no Casale Ferrovia.

Apoiados por fundos europeus, um terço das quintas locais já se converteu à produção orgânica, impulsionando as vendas ao associar as marcas à agora famosa área protegida de Torre Guaceto.

A União Europeia comprometeu-se a tornar 10% de todas as águas áreas marinhas protegidas até 2020. Esta meta foi cumprida dois anos antes do prazo. Hoje, 625 mil quilómetros quadrados de águas marinhas e costeiras na Europa estão protegidas, o que deve trazer mais de 3 mil milhões de euros em benefícios anuais.

Implantada para preservar o meio ambiente, esta área marinha protegida tornou-se um atrativo destino de ecoturismo com economia sustentável - uma história de sucesso que, segundo especialistas, deve servir de exemplo para outros lugares parecidos com a Torre Guaceto.

“Eu diria que proteger 10% das águas da Europa ainda não é suficiente - devemos ir mais longe, tendo em mente a chamada economia circular, como temos aqui. Isto funciona, e eu diria que é assim que deve ser feito noutras áreas marinhas protegidas também.” conta Nicolò Carnimeo, vice-presidente do consórcio de gestão de Torre Guaceto.

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