A pesca afeta o ambiente marinho de várias formas prejudiciais - apesar das melhores intenções dos pescadores. Ocean foi até ao arquipélago das Berlengas, ao largo da costa de Portugal
O arquipélago das Berlengas ao largo da costa de Portugal é uma reserva natural - uma preciosa zona de reprodução para cagarras, corvos-marinhos, gaivotas e outras aves marinhas.
Ana Almeida e Elisabete Silva trabalham na conservação marinha na Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Há anos que ajudam populações locais de aves marinhas. Nas principais ilhas do arquipélago, mantêm ninhos artificiais para ajudar as cagarras a criar as crias. Mas enquanto algumas espécies de aves se estão a sair bem, outras estão em constante declínio - algumas desapareceram completamente ao longo das últimas décadas.
Mas qual a razão deste declínio? Pode estar relacionado com a pesca?
Entre as muitas causas do declínio das aves marinhas, a captura acidental é considerada uma das maiores. Mas nas Berlengas, conservacionistas trabalham em conjunto com pescadores num projeto financiado pela UE que tenta proteger as aves de uma forma simples e acessível.
Para os pescadores, estes acidentes não são apenas perturbadores: danificam o material e diminuem as capturas. Os investigadores tentaram muitos métodos para manter as aves marinhas longe dos pescadores, mas o que parece funcionar melhor é esta simples "ave escaravelho". Voa como um papagaio, parece um predador e pode ser colocada no mar perto das linhas de pesca, afugentando as aves verdadeiras da zona perigosa.
O projeto de investigação - "MedAves Pesca" - está agora a avaliar os resultados para ajudar a proteger as aves marinhas noutras partes da Europa e do mundo.
Mas e quanto à vida subaquática? As redes de pesca perdidas continuam a prender animais marinhos. A sua remoção pode ser cara e arriscada para os mergulhadores. E com o tempo, as redes de pesca desfazem-se em pequenos fragmentos que chegam à cadeia alimentar - e eventualmente ao nosso prato.
No CIIMAR, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, os cientistas estão a estudar os microplásticos provenientes e materiais pesca e podem causar vários danos à vida marinha, incluindo a propagação de germes nocivos.
É melhor encontrar e recuperar uma rede perdida antes que se parta em pequenos pedaços. Os investigadores do CIIMAR juntaram-se a engenheiros robóticos do instituto INESC TEC num outro projecto europeu, "NetTag".Estão a conceber um robô chamado IRIS que consegue movimentar-se debaixo de água usando a acústica e a inteligência artificial.
Os investigadores largam a rede com uma etiqueta acústica no mar e, em seguida, lançam o IRIS para encontrar e trazer a rede de volta. O robô pretende ser fácil de utilizar e suficientemente acessível para ser partilhado entre algumas embarcações de pesca.
O protótipo está quase concluído e os investigadores procuram um parceiro para que este robô possa ser comercializado no futuro – a indústria pesqueira terá outro instrumento para reduzir o seu impacto ambiental e ajudar a proteger a vida marinha.