Como é que as alterações climáticas podem tornar os fungos mais perigosos?

Fungos patogénicos são fungos que provocam doenças em humanos e outros organismos
Fungos patogénicos são fungos que provocam doenças em humanos e outros organismos Direitos de autor Canva
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De  Angela Symons
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Estudo recente alerta para o problema crescente

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O aumento das temperaturas pode tornar os fungos mais perigosos para a nossa saúde, revelou um novo estudo.

Se, por um lado, é verdade que as bactérias e os vírus são condutores bem conhecidos de infeções e doenças, por outro, também é certo que até agora os fungos patogénicos causaram apenas problemas menores para pessoas saudáveis.

Isso geralmente acontece porque a temperatura do corpo humano é tipicamente muito alta para que os fungos infeciosos possam sobreviver.

Mas isso pode estar prestes a mudar, alertam investigadores da Universidade Duke, na Carolina do Norte.

Isso pode fazer soar os alarmes para os fãs da série distópica de sucesso da HBO, "The Last of Us", em que um fungo adaptado ao calor assume o controlo dos seres humanos.

“É exatamente desse tipo de coisas que estou a falar – tirando a parte dos zombies!” diz o coautor do estudo, Asiya Gusa.

O que são fungos patogénicos?

Fungos patogénicos são aqueles que causam doenças em humanos e outros organismos.

Entre os cerca de 300 fungos patogénicos humanos, os mais comuns são: Candida, Aspergillus e Cryptococcus.

Atualmente são mais perigosos para as pessoas imunocomprometidas, que não possuem as defesas para impedir a sua propagação.

Como é que o aumento das temperaturas pode tornar os fungos mais perigosos?

Estima-se que o aumento das temperaturas globais aumente as doenças fúngicas entre os humanos, mas também poderá tornar essas doenças mais graves.

Ao estudarem o impacto do stress térmico nos fungos, os investigadores descobriram que as temperaturas mais altas levaram a mudanças genéticas rápidas no fungo patogénico humano Cryptococcus.

Verificou-se que as temperaturas mais altas estimulam os genes transponíveis do fungo, acelerando o número de mutações e levando a adaptações na forma como os genes são usados e regulados.

“É provável que esses elementos móveis contribuam para a adaptação no ambiente e durante uma infeção”, sublinhou Gusa. “Isso pode acontecer ainda mais rápido porque o stress térmico acelera o número de mutações que ocorrem.”

Isso pode levar a uma maior resistência ao calor, resistência a medicamentos e potencial geração de doenças, de acordo com o estudo publicado na revista científica PNAS.

“Este é um estudo fascinante, que mostra como é que o aumento da temperatura global pode afetar a evolução dos fungos em direções imprevisíveis. Mais uma coisa para nos preocuparmos com o aquecimento global”, lembrou Arturo Casadevall, presidente de microbiologia molecular e imunologia da Universidade Johns Hopkins.

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