"É difícil travar extremistas que recorrem à violência", admite Jan Jambon

"É difícil travar extremistas que recorrem à violência", admite Jan Jambon
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De  Aissa BOUKANOUNIsabel Marques da Silva
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A Bélgica é, per capita, o país europeu de onde são originários mais combatentes que se juntaram ao Daesh na Síria e no Iraque. O correspondente da euronews em Bruxelas, Aissa Boukanoun, entrevistou Jan Jambon, ministro para Segurança e Administração Interna da Bélgica.

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A Bélgica é, per capita, o país europeu de onde são originários mais combatentes que se juntaram ao Daesh na Síria e no Iraque. O país foi, também, alvo de ataques terroristas, na capital, a 22 de março de 2016 e o único sobrevivente dos ataques em Paris, em 2015, é cidadão belga. 

Estes temas são muito preocupantes para o governo, pelo que o correspondente da euronews em Bruxelas, Aissa Boukanoun, entrevistou Jan Jambon, ministro para Segurança e Administração Interna da Bélgica.

euronews: Enfrentar a ameaça terrorista, lutar contra a radicalização das pessoas que podem tornar-se adeptos do jihadismo e partirem para o Iraque e a Síria, travar as consequências da islamofobia, do aumento do racismo e do anti-semitismo. São dossiês de gestão difícil. Quais são as suas prioridades?

Jan Jambon: Penso que a prioridade será reformar a política de segurança neste país a um nível cultural, o que significa combater o extremismo violento e o anti-semitismo.

euronews: Quais são as medidas mais adequadas para travar a radicalização a nível geral e também de cada indivíduo?

Jan Jambon: Ser radical não é um problema em si mesmo. Sou radical, sou um democrata radical, sou um nacionalista flamengo radical, por isso ser radical não é um problema em si mesmo. Mas quando o radicalismo adota a violência, isto é, passa a extremismo violento, então temos um problema. É difícil travar pessoas com ideias extremistas que as querem recorrer à violência.

Olivier Hoslet/Pool via REUTERS

euronews: Há dois anos e meio, anunciou que iria limpar Molenbeek. Ainda existem terroristas a residir nessa freguesia de Bruxelas, onde também viviam os terroristas dos atentados de Paris?

Jan Jambon: As pessoas que cometeram atos terroristas foram detidas, mas há também uma rede de apoios desses terroristas. Portanto, diariamente, os nossos serviços tentam identificar essas pessoas que ajudam e apoiam terroristas.

euronews: Como é feita a cooperação, a troca de informações, ao nível intra-europeu e internacional?

Jan Jambon: Depois dos ataques terroristas em Paris e Bruxelas, criamos, em conjunto com a França, equipa de investigação judicial conjunta.

euronews: Este país, como vários outros países europeus, está a assistir ao ressurgimento de atos de islamofobia e anti-semitismo. Que instruções deram para a polícia?

Jan Jambon: Não concordo de forma alguma com a sua análise de que somos um país onde aumentaram os atos de islamofobia e anti-semitismo, não concordo de todo. Há apenas pequenos grupos que os levam a cabo e a polícia tem a tarefa de os deter.

euronews: Os s serviços de segurança estão a tomar medidas para lidar com o regresso dos milicianos belgas que estiveram no Iraque e na Síria?

Jan Jambon: Não, não estão a fazê-lo ativamente. Devo dizer-lhe que a Bélgica registou o triste recorde do maior número desses combatentes per capita, isto é, tendo em conta a população do país. Mas hoje temos outro recorde: o do número de pessoas detidas por processos ligados ao terrorismo.

euronews: Como é que tentam impedir o retorno de terroristas ao país de forma clandestina?

Jan Jambon: Há pessoas que pedem asilo e nós verificamos as bases de dados da polícia e dos serviços que combatem o terrorismo. Todos os pedidos de asilo são analisados sistematicamente para podermos deter aqueles que o fazem ilegalmente.

euronews: Houve uma da coligação anti-Daesh. Acha que o Daesh está tão fragilizada que não poderá cometer ataques em território europeu?

Jan Jambon: Penso que estão enfraquecidos, que perderam muito um território e que deixaram de ser tão atrativos para os jovens dos nossos bairros, mas o perigo não desapareceu.

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