Artistas querem maior fatia do "bolo cultural"

Artistas querem maior fatia do "bolo cultural"
Direitos de autor Fender Musical Instruments Corporation/Handout via REUTERS
De  Gregoire LoryIsabel Marques da Silva
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O hino da União Europeia já faz parte do património cultural europeu e foi escolhido para abrir a conferência sobre os desafios nesse setor, terça-feira, no Parlamento Europeu. Mas é, também, aí que decorre uma feroz batalha política por causa da revisão da diretiva dos direiros de autor.

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O hino da União Europeia já faz parte do património cultural europeu e foi escolhido para abrir a conferência sobre os desafios nesse setor, terça-feira, no Parlamento Europeu.

Quase oito milhões de pessoas trabalham na indústria criativa e cultural da União, também muito ligada ao sucesso do setor turístico no continente.

Os eurodeputados convidaram artistas, representantes de instituições culturais e governantes para debater como tornar o setor mais inovador e explorar o seu potencial económico.

Um deles foi o pianista e maestro Daniel Barenboim, que explicou a sua visão à euronews: "O continente europeu é definido como o continente da cultura, muito mais do que os outros continentes. Basta pensar nas grandes personalidades da filosofia, música, literatura, pintura - são todas europeias. É isso que tem definido a Europa, não são os carros, os aviões, a economia".

Mas o Parlamento Europeu enfrenta, agora, uma feroz batalha política por causa dos direitos de autor, com a revisão de uma diretiva que visa levar as plataformas digitais a remunerarem melhor os criadores.

Jean-Michel Jarre, compositor, intérprete e produtor musical apoia a nova legislação: "Para mim, o direito de autor é precisamente o mais intemporal, por uma razão muito simples: não depende do suporte físico".

"No caso da música, não importa se está registada em vinil, num CD, num arquivo MP3 ou noutra coisa qualquer, no futuro. O valor está na obra em si e não há nada de mais lógico, de mais simples, do que recompensar os autores pelas suas criações, como em qualquer outro setor da sociedade, em que se é pago pelo seu trabalho", acrescentou.

A diretiva será votada no plenário, no início de julho, e tem sido criticada por defensores do desenvolvimento das plataformas digitais. Algam que os utilizadores da Internet vão ter acesso a menos conteúdos e que prejudica a liberdade de expressão.

Jean-Michel Jarre contra-argumenta: "O mundo inteiro está atento ao Parlamento Europeu, que tem em mãos um quadro legislativo que vai permitir aos artistas e criadores sobreviverem. Vai ajudar a ter o próximo Almodóvar, o próximo Houellbecq, o próximo Coldplay ou Pink Floyd, é disso que estamos a falar".

"Fala-se do bolo digital, que se vê representado nos grafismos das televisões, como faz a euronews. Fala-se de partilhar as fatias do bolo digital e eu penso que os artistas têm direito a um pequeno pedaço deste bolo, já que são eles que contribuem em grande medida para o fabrico desse bolo na cozinha", concluiu.

A Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu aprovou, a 20 de junho, uma proposta que prevê a instalação de filtros de bloqueio e exige o pagamento de licenças para aceder a material protegido pelos direitos de autor nas plataformas online.

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