Embaixadora acusa UE de promover guerra civil na Venezuela

Embaixadora acusa UE de promover guerra civil na Venezuela
De  Isabel Marques da SilvaAna LAZARO
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

"É importante perguntar se a UE quer levar a Venezuela para a guerra civil", diz embaixadora venezuelana na União Europeia.

PUBLICIDADE

O Parlamento Europeu reconheceu Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela e pediu aos governos e instituições da União Europeia que façam o mesmo até que novas eleições credíveis sejam convocadas.

Com 439 votos a favor (104 contra e 88 abstenções) expressos, quinta-feira, em Bruxelas, os eurodeputados foram o primeiro órgão político comunitário a enviar uma forte mensagem contra o regime do Presidente Nicolás Maduro, o que chocou a embaixadora da Venezuela para a União Europeia, Claudia Salerno.

"O Parlamento Europeu não se pode considerar como uma instituição acima do Conselho de Segurança da ONU. É importante perguntar se a União Europeia está disposta a dar passos para levar a Venezuela para guerra civil. Essa é a pergunta que se deve colocar e não se a Venezuela quer fazer mudanças. O país tem feito, nos últimos vinte anos, mudanças importantes no funcionamento institucional e sempre a pedido do povo, que se expressou pelo voto", disse, em entrevista a Ana Lazaro, correspondente da euronews em Bruxelas.

A euronews entrevistou, também, um dos membros da oposição a Maduro, que se encontra em Bruxelas. Antonio Ledezma, ex-presidente da Câmara de Caracas (capital da Venezuela), saudou o resultado da votação, mas deixou um aviso sobre a estratégia diplomática europeia.

"Se vão criar um grupo de trabalho, seja qual for o modelo em que o estão a conceber, devem ter a noção clara de que nós apenas o aceitamos se for para definir os termos para o fim da usurpação. Não queremos falsas negociações para dar mais tempo a Nicolás Maduro. Qualquer que seja a diligência deve ser para pôr fim a esta tirania", disse Antonio Ledezma.

O chamado grupo de contacto pedido pelos eurodeputados teria como missão dialogar com autoridades dos países sul-americanos e outros atores-chave para desenhar o processo que conduza às eleições.

Enviar tropas "é prematuro" diz Marcelo Rebelo de Sousa

Portugal tem sido um dos Estados-membros que mais insiste nesta solução.

O Presidente da República português considerou,  hoje, que "certamente o Governo português já pensou" num plano para proteger os cidadãos portugueses e lusodescendentes na Venezuela, se necessário, mas afastou "qualquer especulação" sobre o envio de forças.

"Todos os governos que têm lá cidadãos têm a obrigação de pensar naquilo que teriam de fazer se houvesse uma situação que todos esperamos que não exista. Certamente o Governo português já pensou nisso", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

Questionado sobre a hipótese de um envio de forças para a Venezuela, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas respondeu que "até agora não se colocou nenhuma questão dessas", que implicaria naturalmente o seu conhecimento, e que, "portanto, qualquer especulação sobre a matéria é prematura".

Em seguida, admitiu que "possa haver uma confusão entre as duas realidades", um eventual envio de forças para a Venezuela e um plano de proteção dos portugueses e lusodescendentes.

"São duas coisas completamente diferentes, mas nenhuma delas está na ordem do dia", acrescentou.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Guaidó agradece ao Parlamento Europeu

Venezuela deporta jornalistas estrangeiros

Mercados reagem à instabilidade na Venezuela