"Breves de Bruxelas: Flandres "rendida" ao nacionalismo?

"Breves de Bruxelas: Flandres "rendida" ao nacionalismo?
Direitos de autor REUTERS/Francois Lenoir
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De  Isabel Marques da SilvaSandor Zsiros
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O aumento da extrema-direita nacionalista na Flandres, regiã do norte da Bélgica, é a segunda de três reportagens sobre o facto do país ser uma espécie de microcosmos europeu onde se verificaram as três tendências saídas das eleições europeias.

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No pub Vlaams Radikal, em Roeasalre, fala-se amiúde da independência da região da Flandes face à Bélgica, de combater a imigração e o Islão, bem como de acabar com a União Europeia.

A cidade traduziu o seu apoio a estes ideias dando a vitória ao partido da extrema-direita, Vlaams Belang (Interesse Flamengo, em Português), nas eleições regionais, a 26 de maio.

“O Islão é um perigo para o país, para toda a Europa. Temos de que lutar contra isso. Mas essa luta contra o Islão deve ser feita de maneira democrática, no sentido de que não vamos lutar usando armas ou violência", disse Filip Deforche, um dos habitantes.

No total da região Flandes, a vitória foi para o NVA, partido nacionalista que esteve em coligação no anterior governo. Em segundo lugar ficou o Vlams Belang, que recusa os rótulos mais duros que muitas vezes aparecem na imprensa.

"Não sou nazi, não sou fascista nem nenhuma dessas dessas coisas que nos chamam. De fato, o que fazemos é que colocar o nosso povo em primeiro lugar", afirmou Wouter Vermeersch, eleito deputado municipal na cidade de Kortrijk, pelo partido Vlaams Belang.

Migração e insegurança

O tema da migração é, particularmente, controverso nesta região do norte da Bélgica, com a extrema-direita a considerar o multiculturalismo como uma ameaça.

"O ritmo a que a nossa região se vai tornando mais diversificada é cada vez mais rápido. Muitas pessoas pensam assim, não é só o meu partido político, mas também os habitantes daqui. As pessoas notam que suas cidades estão a mudar muito rapidamente", referiu Wouter Vermeersch.

Muitas vezes o discurso político não reflete a realidade. Apesar de a criminalidade ter vindo a diminuir na Bélgica, há duas décadas, os nacionalistas usam a insegurança como argumento para o separatismo, quando questionados sobre o futuro do país.

“Vejo um futuro para Flandres, mas não para Bélgica enquanto país. Gostaria que a Flandres fosse um pais independente, seguro, onde um flamengo trabalhador pode sair para ir tomar uma bebida sem ter de estar sempre a olhar para traz", disse o habitante Remko Quidousse.

A Flandres fica no norte da Bélgica, onde vive 68% da população do país, que fala maioritariamente holandês. Economicamente, é mais desenvolvida que a região francófona da Valónia, no sul, ao nível da produtividade e dos salários.

A extrema-direita promove o separatismo, argumentando que não tem de subsidiar a vida numa região mais pobre e linguisticamente distinta.

"Quando se está num casamento e só um dos membros paga as contas porque e o outro cônjuge não quer cooperar, talvez seja melhor o divórcio", disse Wouter Vermeersch.

Este é o tema de abertura do programa "Breves de Bruxelas", que passa em revista a atualidade europeia diária. Em destaque estão, também, as seguintes notícias:

  • A bancada dos socialistas e democratas no Parlamento Europeu vai ser liderada pela espanhola Iratxe Garcia. A eurodeputada sucede ao alemão Udo Bullmann, que se tinha recandidatado mas que abandonou a corrida antes da votação, esta terça-feira.
  • A bancada liberal no Parlamento Europeu tem três candidatos para suceder ao atual líder, o belga Guy Verhofstadt. O grupo conhecido por ALDE foi rebatizado Renovar a Europa e ficou em terceiro lugar nas eleições, com 106 eurodeputados.
  • Os planos da Alemanha para criar diferenciação entre automobilistas nacionais e estrangeiros no pagamento da portagem nas auto-estradas viola a legislação comunitária, determinou o Tribunal de Justiça da União Europeia. O governo de Berlim pretendia implementar, no ano que vem, uma taxa anual de 130 euros, mas os automobilistas alemães receberiam um reembolso via dedução nos impostos. o que foi criticado pelos países vizinhos Holanda e Áustria.
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