"Breves de Bruxelas": Pode a incerteza do Brexit afetar saúde mental?

"Breves de Bruxelas": Pode a incerteza do Brexit afetar saúde mental?
Direitos de autor REUTERS/Hannah Mckay
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De  Isabel Marques da Silva
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Sharon Leclercq-Spooner recebeu a euronews num dia sol, "um bom dia para travar o Brexit", disse a especialista em comércio, que vive em Bruxelas. A incerteza ao longo de três anos tem afetado a saúde da britânica que, entretanto, se tornou ativista contra a saída do Reino Unido da União Europeia.

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Sharon Leclercq-Spooner recebeu a euronews num dia sol, "um bom dia para travar o Brexit", disse a especialista em comércio internacional, que vive em Bruxelas e cuja história está hoje em destaque nas "Breves de Bruxelas".

Forte adepta da permanência do Reino Unido na União Europeia, a consultora abandonou o emprego para ser ativista contra o Brexit, organizando ações de protesto.

"Nunca pensei que estaria nas ruas a fazer campanha, mas fui à primeira manifestação em Londres e gostei muito", afirmou.

Mas a dedicação ao tema e a incerteza ao longo de três anos tem afetado a saúde da ativista. Num evento anti-Brexit, por altura de uma cimeira da União Europeia, teve dificuldade em fazer a moderação devido ao alto nível de stress.

"Eu sofro de herpes e o stress não é bom. O facto de me preocupar tanto com isto não é bom. Pode dizer-se que é uma tolice, mas eu digo que sofro de "Brexititis" porque o surto apareceu no dia daquela cimeira", acrescentou Sharon Leclercq-Spooner.

Um universo paralelo?

A filha mais nova da ativista mascarou-se de unicórnio para a mais recente cimeira da União Europeia, simbolizando como é utópico ter um bom Brexit. A irmã vai estudar para outro país e lamenta que toda a sua experiência de estudante tenha sido ensombrada pelo Brexit.

"Isto tudo deixa-me muito triste. Eu tinha 17 anos quando se fez o referendo e deveria ir estudar para o Reino Unido, no ano seguinte. Mas o resultado fez-me ter muito maior desconfiança sobre estudar no Reino Unido", disse Armelle Leclercq-Spooner.

Uma tristeza que não é exclusiva desta família. Uma sondagem da empresa Britain Think revelou que 64% dos entrevistados pensam que o Brexit teve um impacto negativo na sua saúde mental.

Uma psicoterapeuta alerta que muito do discurso político sobre este tema alimenta ansiedade e stresse.

"Nós elegemos os políticos para cuidar de nós e para atuarem de acordo com os nossos anseios, mas a maioria das pessoas com quem falo sente que isso não está a acontecer. Há muita incerteza e isso é muito difícil para a mente humana. Algumas pessoas que vêm às minhas consultas usam metáforas e duas delas usaram a mesma, na semana passada: sentem-se a viver num universo paralelo. É como se existisse uma realidade paralela que se arrasta há três anos", afirmou Julia Bueno, psicoterapeuta.

E é provável que continue a arrastar-se porque não se sabe que curso irá tomar o novo primeiro-ministro britânico. A 22 de julho, o Partido Conservador escolhe um novo líder e os dois candidatos defendem a saída do Reino Unido o mais rapidamente possível. Só não se sabe o mais importante: com ou sem acordo.

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