Bélgica: Sem governo e sob a ameaça do separatismo

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De  Isabel Marques da SilvaMéabh Mc Mahon
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Bélgica: Sem governo e sob a ameaça do separatismo

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A Bélgica está a ser governada por um executivo interino desde dezembro de 2018. Apesar das eleições, no início do verão, ainda não foi criado um novo governo de coligação e os dois negociadores em nome do Rei Filipe devem apresentar, esta terça-feira, o resultado das últimas reuniões.

O país, com 11 milhões de habitantes, é composto, sobretudo, por duas comunidades linguístas - francófona (Valónia) e flamenga (Flandres) - e há, ainda, uma pequena comunidade germânica. O país tem um sistema político complexo.

"A Bélgica é um dos poucos países federais sem partidos políticos federais, então há dois de cada: dois partidos liberais, dois partidos socialistas, etc. Isso causa uma fragmentação partidária e são precisos muitos partidos para formar um governo", explicou, à euronews, Dave Sinardet, politólogo na Universidade Livre de Bruxelas.

Além disso, a região da Valónia votou sobretudo no centro-esquerda, nomeadamente no partido dos verdes e no  partido socialista. Já a região da Flandres votou mais à direita, no partido do centro- direita e no de extrema-direita. Os dois partidos mais votados, a negociar a coligação, estão de costas voltas.

 "Os dois maiores partidos descrevem o adversário como o grande inimigo. Isso dificulta o processo de formação da coligação", acrescenta o politólogo.

Orçamento pode ficar descontrolado

Mas apesar disto, a vida quotidiana continua como sempre: os comboios partem a horas, o lixo é recolhido, os salários são pagos. A preocupação maior é a resolução de problemas de longo prazo que estão colocados no "congelador".

"A situação orçamental na Bélgica já está muito problemática. Se nada for feito, essa matéria poderá ficar totalmente fora de controle. Estão, também, paradas várias questões importantes que foram debatidas por todos os partidos na campanha eleitoral, tais como o clima, a mobilidade. Esses são dois grandes problemas na Bélgica", afirma Dave Sinardet.

Por causa desta situação, é frequente surgirem debates sobre separatismo na Bélgica. Alguns partidos da região da Flandes, nomeadamente o NVA, defenderam, no seu manifesto, o fim da Bélgica e uma parte importante da população flamenga não se importaria com isso. 

Já na região da Valónia, ninguém gosta da ideia. Parece que as imagens de marca belgas como as batatas-fritas, os waffles, o rei, a seleção de futebol e Bruxelas como capital das instituições da União Europeia mantêm o país unido... por agora.

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