Biocombustíveis atrasam ou aceleram pacto ecológico da UE?

Biocombustíveis atrasam ou aceleram pacto ecológico da UE?
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De  Isabel Marques da SilvaJack Parrock
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Os biocombustíveis emitem menos gases poluentes do que o petróleo e esses gases são mais facilmente capturados na fonte de emissão, evitando que sejam libertados na atmosfera. Mas não são fontes tao renováveis e limpas como a eólica, solar ou outras nas quais a Comissão Europeia quer apostar.

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Os produtores de biocombustíveis líquidos para uso rodoviário, que produzem menor quantidade de gases poluentes do que o petróleo, querem que a União Europeia aposte neste setor para acelerar o chamado processo de descarbonização.

Em causa estão biocombustíveis derivados de material florestal ou óleo de soja, por exemplo, que podem ser misturados com os derivados do petróleo.

"A procura por este tipo de biocombustíveis está a crescer em todo o mundo. O desafio é saber como usá-los no processo para diminuir as emissões de dióxido de carbono que afetam o clima", afirmou John Cooper,  gestor da Fuels Europe.

"Se houver liderança política para adotar políticas fortes nesta área, a Europa poderá ter uma indústria pioneira ao nível dessas tecnologias. Muitas dessas tecnologias também são necessárias para as indústrias que têm uso intensivo de energia", acrescentou John Cooper.

Quão poluentes são os biocombustíveis?

Os biocombustíveis emitem menos gases poluentes do que o petróleo e esses gases são mais facilmente capturados na fonte de emissão, evitando que sejam libertados na atmosfera.

Mas não são fontes tao renováveis e limpas como a eólica, solar ou outras nas quais a Comissão Europeia diz pretender apostar no seu Pacto Ecológico Europeu.

Além disso, a substituição do petróleo pelos biocombustíveis é mais complicada noutras frotas, nomeadamente na aviação, como realçam os ambientalistas.

"Muitas pessoas não querem enfrentar a questão de definir o momento para parar de extrair e usar petróleo e gás. Pensamos que o transporte com zero emissões de dióxido de carbono não deve recorrer a combustíveis fósseis", afirmou a ambientalista Laura Buffet, da associação não-governamental Transportes e Meio Ambiente.

"Tentam fugir dessa questão e focam-se nas chamadas alternativas de baixa emissão de dióxido de carbono. Mas isso não é verdade porque os biocombustíveis produzidos a partir de culturas alimentares impulsionam a destruição da floresta. Na minha opinião, são táticas para atrasar o processo e continuar a fazer misturas com petróleo", acrescentou Laura Buffet.

Para onde vãos os fundos europeus?

Os ministros da Energia da União Europeia reuniram-se, esta semana, para discutir estratégias para concretizar a meta de 2050 como o ano em que o dióxido de carbono emitido é considerado neutral em termos de aquecimento do planeta, que causa as alterações climáticas.

Em tempos de recessão causada pela pandemia de Covid-19, esta combinação de objetivos é essencial, disse a Comissão Europeia.

"Muitos Estados-membros já têm em mente orçamentos concretos que poderiam ser financiados pelo novo plano de recuperação. Vamos cooperar de forma estreita para garantir que os governos aproveitem esta oportunidade e a usam para transformar os setores ligados à energia", afirmou Kadri Simmon, comissária europeia para a Energia, em entrevista à euronews.

Por outro lado, há oito Estados-membros do leste da União a pedirem a manutenção de subsídios europeus ao gás natural no próximo orçamento do executivo comunitário para 2021-2027, mas os partidos verdes estão a pressionar para que o Pacto Ecológico Europeu não seja apenas um slogan ou programa no papel.

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