"Estado da União": Covid-19 traumatizou europeus

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Direitos de autor AP Photo/Michael Sohn
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De  Isabel Marques da SilvaStefan Grobe
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A confererência de doadores para a Síria e uma entrevista a Susi Dennison, analista sénior do Conselho Europeu de Relações Externas, sobre os impactos da Covid-19 nas percepções sobre a União Europeia, em destaque no programa.

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Uma videoconferência internacional de apoio à Síria teve destaque esta semana, co-organizada pela ONU e pela União Europeia, tendo o bloco comunitário prometido 2300 milhões de euros para este ano e o próximo.

O chefe de política externa da União, Jose Borrell, rejeitou o argumento de alguns analistas de que as sanções europeias contribuem para a crise económica no país, em guerra civil há uma década, onde mais de dez milhões de pessoas ainda precisam de assistência humanitária.

"As sanções da União Européia não têm como alvo a população civil. Não há sanções à ajuda humanitária ou fornecimento de medicamentos. As sanções estão direcionadas àqueles que estão a oprimir o povo sírio, bombardeando estabelecimentos de saúde e escolas e que usam armas químicas", realçou Borrell.

Neste programa que passa em tevista os principais temas da semana, destacamos uma entrevista com Susi Dennison, analista sénior do Conselho Europeu de Relações Externas. Co-autora de um relatório baseado em sondagens, Susi Dennison argumenta que, após meses da crise da Covid-19 , os cidadãos da União Europeia estão em estado traumático, sentindo-se "sozinhos e vulneráveis".

Stefan Grobe/euronews: O que explica esse sentimento dos europeus?

Susi Dennison/analista: Eu penso que, em primeiro lugar, umas das principais razões para este trauma é o choque da experiência com a pandemia. Os europeus passaram pela etapa da negação, nos primeiros meses do ano, quando se dizia que não seria um problema para os europeus e depois passaram para a fase de confinamento total a nível social, económico, alterando as habituais rotinas numa questão de semanas. Em relação aos governos nacionais há um sentimento de decepção face à maneira como lidaram com a crise e uma desconfiança sobre o uso do conhecimento e da autoridade para justificar a tomada de decisões políticas sobre a crise. Penso que, em segundo lugar, há decepção a nível europeu com o desempenho das instituições comunitárias. Vimos que pioraram as percepções sobre o papel da União Europeia: para 47% dos entrevistados, a União tem sido irrelevante nesta crise.

Stefan Grobe/euronews: A crise da Covid-19 reforçou o apoio dos cidadãos a uma cooperação europeia mais forte?

Susi Dennison/analista: Penso que as sondagens revelam que esta crise não fortaleceu o apoio ao nacionalismo nem ao federalismo europeu. Em vez disso, baralhou as distinções entre nacionalismo e internacionalismo. Ficámos com este cenário em que os europeus estão decepcionados com as atuais instituições da União Europeia, mas existe a crença resiliente na importância da cooperação europeia.

Stefan Grobe/euronews: Há mais de meio século que os europeus estavam acostumados a ter laços transatlânticos muito fortes, que lhes davam uma sensação de segurança e de destino comum. Os europeus ainda confiam nos Estados Unidos após três anos e meio de  presidência de Dobald Trump?

Susi Dennison/analista: Penso que a resposta curta será não. Os nossos dados mostram, claramente, que as convicções em relação aos EUA como aliado e potência mundial saíram significativamente durante esta crise. Portanto, existiam algumas opiniões contraditórias na Europa, mesmo antes da crise, sobre até que ponto os EUA presididos por Trump poderiam ser considerados um aliado essencial, mas agora já não restam ilusões do lado europeu.

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