Protesto antigoverno na Bulgária não desarma há dois meses

Protesto antigoverno na Bulgária não desarma há dois meses
Direitos de autor Valentina Petrova/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved.
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De  Isabel Marques da SilvaMéabh McMahon
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Com maior ou menor pressão externa, a sociedade civil que se manifesta na Bulgária acredita que pode criar condições para uma nova etapa na história do país.

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Há quase dois meses que manifestantes saem às ruas na Bulgária para pedir a demissão do governo de centro-direita, acusando o primeiro-ministro Boyko Borissov de servir interesses privados e de nada fazer para tirar o país do primeiro lugar na lista de membros da União Europeia mais corruptos.

Alguns desses manifestante falaram com a euronews a partir de um café na capital, Sófia.

Verzhinia, 36 anos, engenheira de software : "Existem muitas pessoas que têm uma boa situação profissional e qualidade de vida, mas que querem viver num país normal, sem corrupção".

Yavor, 31 anos, advogado: "As pessoas querem apenas ver algum tipo de mudança, não sabem bem o que deveria acontecer depois da queda do governo atual, mas a única coisa que nos une a todos é que o governo atual deve sair".

A Bulgária é, também, o país mais pobre da União e, apesar da injeção de fundos desde a adesão, em 2007, a corrupção é um dos fatores que mina os esforços de modernização. Eleito em 2009, o atual primeiro-ministro recusa demitir-se até acabar o mandato, no início de 2021.

Dois pesos e duas medidas na UE?

A crise politica na Bulgária e os riscos para o Estado de direito foram debatidos, na semana passada, numa reunião à porta fechada no Parlamento Europeu. O debate foi presidido pela eurodeputada liberal neerlandesa Sophie Int' Veld, que pede maior intervenção do executivo europeu.

"Se queremos apoiar os cidadãos na Bielorrússia que clamam pelo direito a viver em democracia, com respeito pelo Estado de direito e pelos direitos fundamentais, devemos ser irrepreensíveis em termos dos membros da União. Penso que a Comissão Europeia, e a sua presidente em particular, devem mostrar que apoiam tentativas de democratização fora da União Europeia, mas que também defendem o Estado de direito, os direitos fundamentais e a democracia no interior da União Europeia", afirmou Sophie Int' Veld, em entrevista à euronews.

Mas o primeiro-ministro búlgaro tem mantido uma boa relação com os governantes e eurodeputados do Partido Popular Europeu, família política com maior peso nas instituições europeias, e à qual pertence o partido que dirige.

"É sempre uma questão delicada falar das situações internas dos Estados-membros, como vimos no caso da Hungria e da Polónia, onde a resposta coletiva da União Europeia não foi tão rápida como poderia ter sido, porque esses países fazem parte do clube, o que complica as coisas", explicou a analista Amanda Paul, do Centro de Política Europeia.

Com maior ou menor pressão externa, a sociedade civil que se manifesta na Bulgária acredita que pode criar condições para uma nova etapa na história do país.

Yavor, 31 anos, advogado: "Mesmo que não consigamos a demissão do governo, a maior consequência é ver o nascimento de uma sociedade civil, de uma nova forma de pensar e isso é muito importante."

O facto de em breve começar a ser desembolsada a fatia do novo orçamento da União Europeia para os próximos sete anos também pesa no impasse em curso.

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