"De forma alguma nos opomos à adopção de medidas contra o regime na Bielorrússia", disse Nikos Christodoulides, ministro dos Negócios Estrangeiros de Chipre em entrevista à euronews.
O Chipre impediu o consenso no conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia sobre sanções contra o regime da Bielorrússia. No final da reunião, segunda-feira, em Bruxelas, o chefe da diplomacia cipriota, Nikos Christodoulides, concedeu uma entrevista à euronews.
Efi Koutsokosta/euronews: O Chipre foi o protagonista daquilo que acabou sendo visto como um veto à aprovação de sanções contra a Bielorrússia, algo que dominou o debate, em Bruxelas. Como é que responde a essa forma de descrever a atuação do seu governo?
Nikos Christodoulides/ministro dos Negócios Estrangeiros de Chipre: No conselho informal dos Negócios Estrangeiros, no final de agosto, em Berlim, após uma longa discussão sobre a crise na Bielorrússia e as atividades ilegais da Turquia na Zona Económica Exclusiva cipriota, foi decidido que as propostas de sanções relativas à Bielorrússia e as propostas de sanções contra a Turquia, que o governo cipriota apresentou em junho, deveriam continuar a ser tratadas em paralelo, com vista à sua adoção imediata.
Logo, está claro que a República de Chipre apoia as sanções contra Bielorrússia e não fez uso de veto, nem de nada parecido. De forma alguma nos opomos à adopção de medidas contra o regime na Bielorrússia. Na verdade, durante o debate, Chipre foi um dos países que apoiou a adoção de sanções setoriais contra todos os envolvidos nos acontecimentos ocorridos na Bielorrússia.
Efi Koutsokosta/euronews: Mas insiste que dará luz verde às sanções contra o regime na Bielorrússia, incluindo contra o presidente Lukashenko, apenas quando avançarem as sanções contra aTurquia por causa das ações nas águas territoriais de Chipre ?
Nikos Christodoulides/ministro dos Negócios Estrangeiros de Chipre: Insistimos na implementação do acordo político alcançado em Berlim. Não estamos a condicionar as sanções e sublinho-o porque não se trata de uma posição específica de Chipre. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, também disse o mesmo, publicamente, no Parlamento Europeu, e perante os representantes permanentes (embaixadores para a União Europeia) dos Estados-membros, apelando a todos os países para que implementem o acordo alcançado em Berlim.
Efi Koutsokosta/euronews: A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que os Estados-membros devem acelerar o processo de tomada de decisão , nomeadamente nalgumas questões de política externa em que a votação deveria ser por maioria qualificada em vez de unanimidade, como é o caso agora. O senhor concorda?
Nikos Christodoulides/ministro dos Negócios Estrangeiros de Chipre: Aquilo que deve ser primordial na tomada de decisões é o interesse europeu e não o interesse nacional de alguns Estados. Se não determinarmos primeiro qual é o interesse da União Europeia, será muito difícil para Chipre e para muitos outros Estados-membros aceitarem que a votação por maioria qualificada deve passar a ser usada para tomar decisões em política externa.