Certificado de virgindade divide classe médica

Certificado de virgindade divide classe médica
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De  Isabel Marques da SilvaAna Lázaro
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Um grupo de eurodeputados enviou uma pergunta escrita à Comissão Europeia, solicitando a proibição dos testes de virgindade a nível da União Europeia.

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Para muitas mulheres, o casamento é um sonho que pode vir acompanhado de um pesadelo emocional por causa da pressão social e religiosa para chegarem virgens a esse dia.

Na comunidade muçulmana ainda é uma exigência muito comum, mas em várias comunidades cristãs ou judaicas também há casos de recurso ao chamado certificado de virgindade, que por vezes exige um procedimento ginecológico.

Em França, debate-se a possibilidade de criar uma lei para proibir estes atos e penalizar os médicos que os praticam. Contudo, a educação sexual é que deveria ser a prioridade, diz uma parteira belga.

“É muito importante falar porque é o silêncio que mata. Nalgumas famílias, em algumas culturas, a lealdade é muito importante. E, infelizmente, a lealdade está ligada ao hímen das mulheres. A menina deve respeitar as regras e se não o fizer corre o risco de ser rejeitada pela família”, explicou Hanan Ben Abdeslam.

Em causa está manter intacta uma frágil membrana vaginal chamada hímen. Cientificamente, é há muito sabido que há mulheres que nascem sem ela e que esta se rompe em circunstâncias que nada têm a ver com o ato sexual.

Alguns médicos aceitam fazer uma intervenção cirúrgica de reconstrução, mas o tema divide muito a classe médica. De um lado está o princípio geral, do outro os dramas concretos com os quais são confrontados.

“Existem dois campos que se opoem na ginecologia. Há colegas que se recusam porque dizem que é uma violacão dos direitos humanos, que é uma hipocrisia, uma mentira, e não querem participar nisso. Eu e outros colegas que fazemos o procedimento consideramos que é uma ajuda para as jovens que são pressionadas pelas leis da sua religião. Como médico considero que devemos ajudar estas jovens e é por isso que o faço”, afirmou o ginecologista belga Johan Van Wiemeersch.

Pedido de intervenção da Comissão Europeia

O debate faz-se, também, ao nível das leis que protegem o direito à não discirminaçao com o base no género e o direito de dispor livremente do corpo. 

Um grupo de eurodeputados enviou uma pergunta escrita à Comissão Europeia, solicitando a proibição dos testes de virgindade a nível da União Europeia.

“É um ataque claro e grave à dignidade da mulher e à sua liberdade. O que é um certificado de viriginidade? É um pedido para examinar um corpo para saber se uma mulher teve relações sexuais. Estamos em 2020, na Europa, recordo a toda a gente. São práticas incompatíveis com os nossos valores de democracia e de liberdade", disse Virginie Joron, eurodeputada francesa da extrema-direita.

Mas há quem alerte que essa proibição poderia levar o procedimento para a clandestinidade como acontece no aborto, em alguns países.

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