Cimeira visa desbloquear impasses sobre Turquia e Bielorrússia

Cimeira visa desbloquear impasses sobre Turquia e Bielorrússia
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De  Isabel Marques da SilvaDarren McCaffrey
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Sanções contra a Turquia não são tão consensuais como no caso da Bielorrússia, porque a Turquia é um aliado na NATO, existe um pacto sobre migração e na prática ainda é um país candidato à União,

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Os líderes da União Europeia reúnem-se em cimeira, em Bruxelas, quinta-feira, para tentar encerrar um embaraçoso impasse que os impede de impor sanções ao regime da Bielorrússia, acusado ​de falsificar os resultados das eleições presidenciais de nove de agosto e liderar uma dura repressão aos manifestantes pacíficos e líderes da oposição.

Todos os membros da União Europeia concordam que as sanções devem ser aplicadas a dezenas de funcionários, talvez até mesmo ao presidente Aleksander Lukashenko, que já foi apelidado de último ditador da Europa, mas o Chipre tem bloqueado o consenso porque quer a aprovação, em simultâneo, de sanções contra a Turquia, devido à exploração de gásem águas disputadas na costa deste país insular e nas da Grécia.

Essas sanções não são tão consensuais como no caso da Bielorrússia, porque a Turquia é um aliado na NATO, existe um pacto sobre migração e na prática ainda é um país candidato à União, mas o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar otimista.

"Queremos previsibilidade, queremos mais estabilidade nesta região. Queremos, também, demonstrar a nossa solidariedade concreta com a Grécia e com Chipre. É importante que nos empenhemos e há diferentes opções na mesa, pelo que será a ocasião de dizer claramente o que queremos no futuro para as relações entre a UE e esta parte do mundo", explicou Charles Michel.

Grécia pressiona mas Alemanha e França apelam ao diálogo

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, acredita que a União Europeia não deve descartar totalmente as sanções contra a Turquia: "Chegou o momento da Europa discutir com coragem e sinceridade que tipo de relação quer ter com a Turquia. Uma coisa é certa, a provocação da Turquia expressa a partir de ações unilaterais ou a partir de uma retórica extremista, não pode mais ser aceite”.

Já Angela Merkel, atualmente à frente da presidência rotativa da União Eurpeia, disse: "Estamos empenhados em acalmar as tensões de forma pacífica, a presidência alemã tem feito esforços consideráveis a esse respeito. Saliento que nossa relação com a Turquia é muito complexa. E que a UE tem grande interesse em desenvolver uma relação construtiva com a Turquia, apesar de todas as dificuldades".

O presidente de França, Emmanuel Macron, também está muito empenhado em resolver o impasse: “Reiteraremos o nosso apoio à Grécia e ao Chipre, mas também devemos encontrar formas de retomar um diálogo exigente com a Turquia. Para mim, estes dois casos são emblemáticos do que é preciso rever a nossa política de vizinhança de forma realista e exigente".

Báltico considera inaceitável

O bloqueio das sanções contra a Bielorrússia tem sido considerado frustrante pelos Estados-membros da região do Báltico, Lituânia, Estónia e Letónia, vizinhos mais próximos.

"Há um mês e meio que preparamos a lista de sanções. Os países do Bálticos já introduziram sanções nacionais contra a Bielorrússia. O Reino Unido e o Canadá fizeram o mesmo. É simplesmente inapropriado ter esta situação sem qualquer reação da União", disse Gitanas Nausėda, presidente da Lituânia.

Embora não esteja oficialmente na agenda, nem na quinta nem na sexta-feira (neste último dia dedicada ao mercado interno e à digitalização), haverá conversas bilaterais sobre o próximo orçamento da União para 2021-2027, incluindo o plano de recuperação e resiliência com duração de três anos para combater os efeitos da pandemia de Covid-19.

Um tema que continua ser ensombrado pela questão do eventual novo mecanismo de penalização pelas violações ao Estado de direito e por alguns cortes em programas que foram considerados inaceitáveis pelo Parlamento Europeu, que terá de dar em breve o seu consentimento final ao orçamento.

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