Suspender Nord Stream2 como sanção contra a Rússia faz sentido?

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Direitos de autor TOBIAS SCHWARZ/AFP
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De  Isabel Marques da SilvaStefan Grobe
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Os críticos dizem que a Alemanha está a minimizar o problema da segurança e da auto-suficiência estratégica da Europa, que fica muito dependente do gás russo e sujeita a potencial chantagem política por parte do Kremlin.

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Polémico desde o início da construção, o gasoduto Nord Stream2, volta à ribalta política como possível forma de pressionar o governo russo por causa da detenção do opositor Alexei Navalny.

O Parlamento Europeu aprovou uma resolução não vinculativa, na semana passada, que pede a suspensão da infraestrutura, mas há quem duvide do impacto enquanto punçãao contra o Kremlin.

"Um eventual atraso na construção do Nord Stream2 não é assim tão importante. O Nord Stream2 poderia sofrer atrasos, se fosse hoje alvo de sanções, mas será construído de qualquer maneira e as consequências não serão tão graves, especialmente com a pandemia de Covid-19 que levou a uma quebra na procura de gás. Mesmo que haja uma redução no fornecimento de gás por essa via, existem infraestrutura suficientes para entregar o gás atualmente necessário à União Europeia”, explicou Jean-Arnold Vinois, analista no Instituto Jacques Delors, em entrevista à euronews.

Com apenas 10% por construir, o Nord Stream 2 visa duplicar a capacidade do gasoduto existente que liga a Russia à Alemanha no mar Báltico.

O projeto tem sido criticado por alguns países da União Europeia, nomeadamente a Polónia, a Suécia e os países bálticos (Lituânia, Letónia e Estónia), que acusam a Alemanha de ter permitido que a Russia contornasse países da europa de leste, que retiravam benefícios económicos de infra-estruturas semelhantes, como e o caso da Ucrânia.

“Os alemães colocaram-se numa posição estranha que não é compreendida nem pelos outros europeus nem pelos norte-americanos. O governo alemã afirma que este é um projeto puramente comercial e que a Alemanha tem o direito de levar o projeto a bom porto. Mas a verdade é que contornaram a legislação europeia, aproveitando algumas lacunas, para seguirem em frente com a construção", disse Gustav Gressel, analista no Conselho Europeu de Relações Exteriores.

EUA têm interesse em vender o seu gás

Os críticos dizem que a Alemanha está a minimizar o problema da segurança e da auto-suficiência estratégica da Europa, que fica muito dependente do gás russo e sujeita a potencial chantagem política por parte do Kremlin.

O governo norte-americano, seja com Trump ou com Biden, está contra o Nord Stream2 não por questões de segurança mas por causa dos seus interesses económicos no gás de xisto, muito prejudicial ao ambiente.
Markus Pieper
Eurodeputado alemão do centro-direita

Esse tem sido o argumento de governos europeus, mas também dos EUA, incluindo por parte do novo presidente Joe Biden, embora os defensores do projeto na Alemanha digam que a crítica não é honesta.

"Se deixarmos de usar energia nuclear e carvão, precisaremos do gás natural como energia de transição até termos o hidrogénio. Sem o Nord Stream2 teríamos de recorrer a gás norte-americano que é muito mais caro e poluente, mas que seria um bom negócio para os Estados Unidos. O governo norte-americano, seja com Trump ou com Biden, está contra o Nord Stream2 não por questões de segurança, mas por causa dos seus interesses económicos no gás de xisto, muito prejudicial ao ambiente", afirmou Markus Pieper, eurodeputado alemão do centro-direita.

As obras começaram há uma década e o projeto associa, principalmente, as empresas russa Gazprom, a francesa Engie, as alemãs Uniper e Wintershall, a austríaca OMV e a anglo-holandesa Shell.

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