Confinamento afeta produtividade universitária

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De  Isabel Marques da SilvaBrian Carter
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Falta de motivação, solidão, isolamento e stresse são as principais queixas dos estudantes, de acordo com vários estudos realizados em universidades neerlandesas.

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Regressar a casa dos pais e usar o computador portátil para seguir à distância os estudos superiores em biologia e gestão foi a opção de Philippe Dols,  um dos 300 mil universitários que teve de se adaptar as regras ditadas pelo confinamento restritivo nos Países Baixos para travar a Covid-19.

"A vida tornou-se um pouco aborrecida, às vezes. As pessoas quando estão em casa ficam menos motivadas para estudar. Quando estão na sala de aula, são mais forçadas a estarem atentas as aulas, e até mesmo os professores se mostram mais entusiasmados quando dão as aulas na presença das pessoas", disse o jovem, em entrevista à euronews, que foi falar com vários membros da Universidade de Maastricht.

Falta de motivação, solidão, isolamento e stresse são as principais queixas dos estudantes, de acordo com vários estudos realizados em universidades neerlandesas. 

Mrinal Gupta, que estuda administração na Universidade de Maastricht, lamenta perder competências criadas na convivência com os seus pares, sobretudo depois das aulas quando ia para bares e restaurantes, agora fechados.

"Uma dos aspetos mais importantes da experiência universitária é a vida social, as festas. Quando se tira isso aos estudantes universitários, percebemos o quão importante é essa experiencia. Não se trata apenas de festas e diversão, mas de conhecer novas pessoas, o que já não se pode fazer", explica o jovem.

Joséphine Sundberg, amiga de Mrinal, também está preocupada com o impacto da desaceleração económica ao nível do bem-estar psicológico dos alunos: "Não sabemos quais são os setores da economia que estão a ser mais afetados, quantos empregos existirão, que oportunidades teremos pela frente e isso é algo muito stressante".

Professores e reitora preocupados com menos investigação

Tal como os alunos, os professores também enfrentaram dificuldades para realizar o trabalho académico em confinamento muito restritivo.

"Um único dia de ensino online implica gastar muita energia. Normalmente, eu dava duas ou três aulas por dia e, às vezes, ainda trabalhava um pouco à noite na minha investigação, mas agora às 18 horas já dou tudo por terminado. Ainda envio alguns e-mails, mas já não consigo estar mais tempo sentado a ler ou escrever, tenho muita dificuldade em me concentrar", afirmou o professor Patrick Bijsmans.

Rianne Letschert, reitora da Universidade de Maastricht, está preocupada com o corte nas verbas públicas para bolsas de investigação, que representam metade do orçamento da universidade.

“Todos estão a concentrar-se muito na parte letiva e ficam com menos tempo para se dedicarem às bolsas de investigação. Penso que sentiremos bastante esse impacto nos próximos dois anos. Temos menos receita para os estudos de pós-graduação ou cursos de verão. Um dos nossos centros de atendimento aos alunos nessa área está com serias dificuldades financeiras", disse Rianne Letschert.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico alertou os governos para a necessidade de tomar medidas que compensem os efeitos negativos da ausência da escolaridade tradicional, tais como a contenção das aspirações académicas ou o abandono precoce do sistema educativo.

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